TRÍPOLI (Reuters) - O enviado da ONU à Líbia, Abdoulaye Bathily, disse neste sábado que, se houver um roteiro claro e leis eleitorais até junho, eleições nacionais podem ser realizadas antes do fim do ano no país.
Um processo político para resolver mais de uma década de conflito na Líbia está empacado desde que uma eleição agendada para dezembro de 2021 colapsou, em meio a disputas em torno da elegibilidade de candidatos importantes.
Bathily anunciou uma nova iniciativa no mês passado para quebrar o impasse com a criação de um comitê gestor para viabilizar as eleições, que são vistas como críticas para qualquer tipo de paz duradoura.
Neste sábado, ele disse a jornalistas em Trípoli que os dois órgãos legislativos, a Câmara dos Deputados e o Alto Conselho de Estado, concordaram em formar um comitê conjunto com seis membros de cada para escrever leis eleitorais, acrescentando: "Não há motivo para mais demora".
No entanto, as duas Casas passaram anos negociando sobre o sistema político sem se aproximar de eleições que, na prática, substituiriam seus membros.
A Câmara foi eleita em 2014, e o Alto Conselho de Estado foi formado como parte de um acordo político de 2015 e formulado por um parlamento eleito em 2012.
O governo interino da Líbia, instaurado no começo de 2021 por meio de um plano de paz com apoio da ONU, deveria durar apenas até a eleição marcada para dezembro daquele ano, e sua legitimidade agora também está em disputa.
"Acordos interinos sucessivos, governos de transição sem fim, órgãos legislativos cujos mandatos expiraram são fonte de instabilidade", desse Bathily.
A Líbia tem tido poucos momentos de paz desde que um levante apoiado pela Otan derrubou o autocrata Muammar Gaddafi. Desde 2014, o controle político está dividido entre facções rivais no leste e no oeste. O último grande conflito terminou em 2020.
(Reportagem da redação da Reuters na Líbia; Texto de Angus McDowall)