Por Aaron Sheldrick
OKUMA, Japão (Reuters) - Na usina nuclear de Fukushima, ao norte de Tóquio, trabalhadores com trajes de proteção ainda estão removendo material radioativo de reatores que derreteram depois que um tsunami provocado por um terremoto derrubou a energia e o sistema de resfriamento do local quase nove anos atrás.
Em uma visita exclusiva à usina, que se espalha por mais de 3,5 milhões de metros quadrados, a Reuters testemunhou guindastes gigantes com controle remoto desmantelando uma torre de exaustão e outras estruturas em uma região altamente radioativa, enquanto combustível usado era removido de um reator.
Funcionários da Tokyo Electric, proprietária da usina, também mostraram novos tanques para armazenar quantidades cada vez maiores de água contaminada.
Cerca de 4.000 trabalhadores estão realizando a limpeza, muitos deles usando equipamentos de proteção, embora mais de 90% da usina seja considerada com tão pouca radioatividade que não são necessárias precauções extras. Fotografar era altamente restrito e não eram permitidas conversas com os trabalhadores.
O trabalho para desmontar a usina levou quase uma década até agora, mas com Tóquio prestes a sediar a Olimpíada este ano --incluindo alguns eventos a menos de 60 quilômetros da usina--, houve um foco renovado na proteção das instalações.
"A Tepco tenta divulgar todas as informações ao público o mais rápido possível. Se algo acontecer no local, vamos informar as pessoas por email, por exemplo”, disse à Reuters Kan Nihonyanagi, comunicador de risco de Fukushima, em entrevista no local.
O acúmulo de água contaminada tem sido um ponto de impasse na limpeza, que provavelmente durará décadas, e assusta os países vizinhos. Em 2018, a Tepco disse que não tinha conseguido remover todo o material perigoso da água, e o local está ficando sem espaço para tanques de armazenamento.
Autoridades que supervisionam um painel de especialistas que analisa a questão da água contaminada disseram em dezembro que as opções de descarte devem ser reduzidas a duas: diluir a água e despejar no Oceano Pacífico ou permitir que ela evapore.
O governo japonês pode decidir dentro de meses, e qualquer processo levaria anos para ser concluído, dizem os especialistas.
"As Olimpíadas estão chegando, então temos que nos preparar para isso, e a Tepco precisa divulgar todas as informações não apenas para as comunidades locais, mas também para os países estrangeiros e, especialmente, para as pessoas que vêm do exterior", disse Joji Hara, um porta-voz de Tóquio para a companhia de energia que acompanhou a Reuters durante a visita.
Atletas de pelo menos um país, a Coreia do Sul, planejam levar seus próprios detectores de radiação e alimentos para Fukushima, que receberá as competições de beisebol e softbol a cerca de 60 quilômetros da usina nuclear destruída.