Por Mark John
LONDRES (Reuters) - Com a pandemia tendo afastado qualquer conversa sobre austeridade, a Europa começou a gastar suas economias para sair da recessão e recuperar alguma aparência de normalidade.
Embora o total desembolsado para o desafio chegue a trilhões de euros, ele mascara profundas diferenças em tamanho e tipo de ajuda entre os países.
Em resumo, a região norte e rica consegue sustentar partes essenciais da economia com dinheiro que nunca será devolvido, enquanto o sul mais pobre depende mais de alívios de curto-prazo na forma de empréstimos e isenção temporária de impostos.
Sem dúvida, o objetivo do fundo de recuperação de 750 bilhões de euros da União Europeia é reduzir essas diferenças e assegurar que a desigualdade econômica não fique maior. Mas o dinheiro ficará disponível apenas a partir do próximo ano e, mesmo assim, lentamente.
Enquanto isso, as diferenças nacionais prevalecem.
O centro de estudos Bruegel, de Bruxelas, coloca o total de apoio direto e não reembolsável que a Alemanha tem sido capaz de oferecer às suas empresas e cidadãos em 8,3% da sua produção econômica --não muito distante dos 9,1% dos Estados Unidos.
Isso inclui 100 bilhões de euros para recapitalizar e comprar ações em empresas afetadas pelo coronavírus, 23,5 bilhões em subsídios salariais para quem está trabalhando horas reduzidas e 18 bilhões em subsídios diretos às pequenas empresas que mais precisam.
Isso contrasta com montantes muito menos generosos em economias que estiveram no centro da crise da dívida de 2009: os pacotes de estímulo direto de Portugal chegam a apenas 2,5%, enquanto o montante é de 3,1% na Grécia, 3,7% na Espanha e 3,4% na Itália.