Por Andrea Shalal e Steve Holland e Jeff Mason
MADISON, Wisconsin (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que tenta acabar com uma crise política por causa de seu desempenho ruim em um debate, zombou nesta sexta-feira do seu rival e ex-presidente, Donald Trump, com um discurso animado e que teve o objetivo de silenciar quem pede para ele deixar a corrida por causa da sua idade.
Biden viajou para o Wisconsin, um dos Estados-chave para a eleição, para falar com eleitores e participar de uma entrevista televisiva, que será acompanhada de perto pelo público depois que seu debate com Trump ter feito alguns democratas e doadores de campanha questionarem se ele conseguiria aguentar outro mandato de quatro anos.
“Tivemos um pequeno debate na semana passada. Não posso dizer que foi a minha melhor performance. E desde então há muita especulação: “O que o Joe fará? Ele vai permanecer na corrida? Ele vai desistir? Aqui está a minha resposta: estou na disputa, e vou ganhar de novo”, disse.
Mas ele enfrenta mais um desafio político no seu próprio partido. O senador Mark Warner, um respeitado parlamentar moderado da legenda, está convidando colegas para uma reunião na segunda-feira, para discutir a campanha do presidente, informou uma fonte à Reuters. O jornal Washington Post noticiou que Warner estava tentando pedir ao grupo que pressionasse Biden para sair da corrida.
Biden disse estar grato pelo apoio da sua vice, Kamala Harris, cujo nome apareceu como principal escolha para substituí-lo caso ele desista de disputar a eleição pelo Partido Democrata.
O presidente questionou a inteligência de Trump e o chamou de mentiroso, fazendo ataques contundentes, algo que não foi visto no debate realizado em Atlanta. Ele lembrou de um comentário em que Trump afirmou erroneamente que o Exército Revolucionário de George Washington tomou os aeroportos britânicos em 1776: “É um verdadeiro gênio”, ironizou.
Ele foi ainda mais contundente para partidários que levantaram dúvidas sobre sua habilidade de vencer Trump na eleição.
“Eu sou o candidato deste partido. Eles estão tentando me tirar da corrida. Deixem eu falar o mais claro possível: ficarei na corrida!”.
No Wisconsin, Biden será entrevistado pela ABC News, como parte de uma série de eventos que realizará nesta semana, com o objetivo de mostrar ao público norte-americano que ele ainda tem disposição para enfrentar Trump na votação, marcada para 5 de novembro.
Biden está sendo pressionado por alguns democratas para desistir e abrir caminho para que Kamala, de 59 anos, seja a candidata presidencial.
Alguns doadores e líderes empresariais estão manifestando seu descontentamento publicamente, interrompendo o financiamento à campanha ou buscando possíveis alternativas no partido. Até mesmo alguns dos aliados mais próximos de Biden, incluindo a ex-presidente da Câmara dos Deputados Nancy Pelosi, levantaram dúvidas sobre sua saúde.
Algumas pesquisas de opinião mostraram um aumento da liderança de Trump desde o debate. Uma sondagem Reuters/Ipsos mostrou que um a cada três democratas quer a desistência do presidente.
A campanha de Trump e alguns de seus aliados lançaram ataques políticos preventivos contra Kamala, agindo rapidamente para tentar desacreditá-la em meio a rumores de que a vice poderia substituir Biden.