Por Antoni Slodkowski
NAYPYITAW (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, pediu nesta quarta-feira uma investigação crível dos relatos de abusos de direitos humanos contra muçulmanos rohingyas cometidos pelas forças de segurança de Mianmar depois de um encontro com líderes civis e militares do país.
Mais de 600 mil muçulmanos rohingyas fugiram para Bangladesh desde agosto, assustados com uma operação militar de repressão em Rakhine, Estado de maioria budista de Mianmar.
Uma autoridade de primeiro escalão da Organização das Nações Unidas (ONU) descreveu as ações dos militares como um exemplo clássico de "faxina étnica".
"Estamos profundamente preocupados com relatos críveis de atrocidades generalizadas das forças de segurança e de justiceiros de Mianmar que não foram contidos pelas forças de segurança durante a violência recente no Estado de Rakhine", disse Tillerson em uma coletiva de imprensa conjunta com Aung San Suu Kyi, líder de uma administração civil de menos de dois anos que divide o poder com os militares.
Mais cedo Tillerson teve conversas separadas com o chefe militar de Mianmar, o general Min Aung Hlaing, cujas forças foram acusadas de atrocidades.
No domingo uma autoridade de alto escalão da ONU fez alegações de estupros em massa, assassinatos e tortura contra os militares de Mianmar depois de visitar campos de refugiados na região de Cox's Bazar, na vizinha Bangladesh.
O secretário pediu ao governo de Mianmar que realize uma investigação crível e imparcial e disse que aqueles que cometeram abusos deveriam ser responsabilizados.
"Em todas as minhas reuniões, pedi ao governo civil de Mianmar que realize uma investigação independente completa e eficaz, e aos militares que facilitem o acesso e a cooperação plenos".
Ele ainda disse que cabe aos militares ajudarem o governo a cumprir os compromissos de garantia de proteção e segurança a todos os habitantes de Rakhine.
Uma postagem na página de Facebook de Min Aung Hlaing, o chefe militar supremo de Mianmar, disse que este explicou a Tillerson a "verdadeira situação em Rakhine", a razão de os muçulmanos terem fugido, como os militares estão trabalhando com o governo para proporcionar ajuda e o progresso feito para um processo de repatriação a ser combinado com Bangladesh.