Por Robin Emmott e Francesco Guarascio
BRUXELAS (Reuters) - Divididos, os líderes europeus discutiram até as primeiras horas desta sexta-feira sobre como tratar da crise imigratória no Mediterrâneo, concordando com um plano para repartir o atendimento às pessoas desesperadas que fogem da guerra e da pobreza no Norte da África e Oriente Médio.
Dispostos a não deixar a cúpula em Bruxelas ser dominada pelo fracasso nas negociações da dívida da Grécia, os líderes acabaram discutindo por sete horas sobre se deveriam acolher pedidos de asilo de 40.000 sírios e eritreus agora na Itália e na Grécia, e outras 20.000 pessoas que no momento estão fora da UE.
Eles concordaram por fim com um regime voluntário, fixando o número em 60.000, mas aceitaram a exclusão da Hungria, que anteriormente havia descrito o plano como um absurdo, bem como da Bulgária, um dos países mais pobres da UE.
"Foi um debate muito intenso", disse a repórteres a chanceler alemã, Angela Merkel, após o término da reunião, descrevendo a crise imigratória como "o maior desafio que eu vi em assuntos europeus no meu tempo como chanceler".
Essa é uma declaração surpreendente, considerando a crise da dívida da zona do euro e o confronto com a Rússia durante a década de Merkel no poder.
Expressando sua frustração, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, descreveu o plano como de "modesta ambição" e disse que num determinado momento da reunião falou para os líderes da UE: "Eu não dou a mínima", referindo-se às objeções à metodologia subjacente do plano.
"Nós temos que descobrir se o sistema funciona. Não importa se é voluntário ou obrigatório, é para ver se pode ajudar 60.000 refugiados", declarou Juncker em entrevista coletiva, na madrugada desta sexta-feira.
(Reportagem adicional de Robert-Jan Bartunek, Andreas Rinke e Alastair Macdonald)