Por Ginger Gibson
WASHINGTON (Reuters) - O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama não estava no palco do debate de pré-candidatos presidenciais democratas na noite de quarta-feira, mas foi onipresente, apesar de os postulantes à eleição de 2020 hesitarem em atacar o legado do membro mais popular do partido.
Sob fogo cerrado de rivais mais liberais e menos bem colocados nas pesquisas, o favorito Joe Biden invocou frequentemente em sua defesa o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, do qual foi vice-presidente durante oito anos.
Obama desfruta de vasta popularidade não somente em seu partido, mas entre todos seus conterrâneos, incluindo os afro-norte-americanos cujo apoio é crucial para se obter a indicação democrata e enfrentar o presidente Donald Trump, um republicano, no ano que vem.
Uma pesquisa de junho do centro de estudos Pew mostrou que hoje Obama é considerado o melhor presidente dos últimos 100 anos.
"Tivemos cerca de 105 meses seguidos de crescimento positivo do emprego, a sequência mais longa da história americana", disse o pré-candidato democrata Julian Castro, ex-secretário da Habitação de Obama. "Mais de 80 destes meses se deveram ao presidente Barack Obama. Obrigado, Barack Obama".
Isso deixou alguns dos adversários de Biden nas primárias democratas com dificuldade para encontrar uma maneira de criticar o ex-vice-presidente e sua promessa de continuar e aprofundar o legado de Obama e ao mesmo tempo evitar depreciar o ex-presidente.
Obama tem se mantido praticamente em silêncio desde que deixou o cargo, em 2017, preferindo não endossar ninguém nas primárias democratas e criticando Trump só ocasionalmente.
"Todos estão falando de como eu sou horrível nestes temas", disse Biden, referindo-se ao seu histórico no quesito raça.
"Barack Obama sabia exatamente quem eu era. Ele usou 10 advogados para fazerem uma verificação de tudo a meu respeito quanto aos direitos civis e as liberdade civis, e me escolheu, e disse que foi a melhor decisão que tomou. Eu aceito seu julgamento".
Os democratas que disputam a indicação, cerca de duas dúzias, estão tendo problemas para decidir quão à esquerda o partido deveria se inclinar – um debate que está centrado essencialmente no futuro do sistema de saúde.
A lei de saúde de Obama, conhecida popularmente como Obamacare, está sendo cada vez mais criticada pelos democratas, inclusive os progressistas destacados Bernie Sanders e Elizabeth Warren, senadores que defendem um sistema universal financiado por impostos que praticamente eliminaria os planos de seguradoras particulares.