Por Dmitry Solovyov e Vladimir Soldatkin
MOSCOU (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, brincou nesta quinta-feira dizendo que, se o ex-diretor do FBI James Comey estiver sofrendo perseguição por causa de sua desavença com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seu país está pronto para lhe conceder asilo.
Putin, que fez a oferta com seu senso de humor sarcástico característico, expressou desprezo por Comey devido ao seu papel em um desentendimento com Washington a respeito de uma suposta interferência russa na eleição presidencial de 2016.
Em um depoimento ao Congresso neste mês, Comey disse que Trump lhe pediu para deixar de lado uma investigação sobre contatos de associados de Trump com autoridades russas, enquanto o presidente norte-americano acusou Comey de não dizer a verdade.
Indagado sobre Comey durante uma sessão de perguntas e respostas com eleitores, Putin disse ser "estranho" que, ainda como diretor do FBI, Comey tenha repassado o conteúdo de uma conversa que teve com Trump à mídia através de um amigo.]
"Qual é a diferença então entre o diretor do FBI e o senhor Snowden?", indagou Putin referindo-se a Edward Snowden, ex-prestador de serviço da Agência de Segurança Nacional dos EUA que recebeu asilo na Rússia em 2013 depois de vazar informações confidenciais a respeito de operações de espionagem dos EUA.
"Neste caso, ele (Comey) não é o diretor de um serviço especial, mas um ativista de direitos humanos que defende uma certa posição", argumentou Putin.
"Aliás, se ele estiver sujeito a qualquer tipo de perseguição ligada a isto, estaremos prontos para lhe conceder asilo político na Rússia. E ele deveria saber disso."
Falando em tom mais sério, o russo afirmou que, em depoimento, Comey não apresentou provas de que a Rússia interferiu na eleição norte-americana.