LISBOA (Reuters) - Vestidas de branco e segurando flores também brancas, milhares de enfermeiras marcharam por Lisboa nesta sexta-feira, uma demonstração de unidade para exigir salários e condições de trabalho melhores e protestar contra a abordagem do governo em uma disputa de longa data.
A polícia estimou que cerca de 6 mil mulheres e homens, muitos dos quais chegaram de ônibus de várias partes do país, participaram da "marcha branca" para homenagear a profissão no Dia Internacional da Mulher.
Os organizadores da marcha falaram em 10 mil participantes.
"O que queríamos conseguir com esta marcha, conseguimos. Temos ao menos 10 mil pessoas, uma linda onda de humanos vestidos de branco que mostra a união de nossa profissão", disse Sonia Viegas, uma das organizadoras do Movimento Nacional das Enfermeiras.
Alguns dos cartazes empunhados pelas enfermeiras diziam: "Sem medo!", "Lutaremos" e "Não à chantagem", uma referência à postura do governo na negociação.
No mês passado, enfermeiras fizeram uma greve de três semanas, forçando o adiamento de cerca de 5 mil operações agendadas, segundo cifras governamentais. Em 2018, uma greve semelhante levou ao cancelamento de cerca de 7.500 cirurgias.
A greve foi suspensa no dia 22 de fevereiro, quando o governo concordou em retomar as conversas com o sindicatos depois de ter declarado a paralisação ilegal e ameaçado penalidades para os grevistas.
A primeira rodada de conversas aconteceu na quinta-feira, quando o governo assinou um protocolo para a negociação de um acordo de trabalho coletivo para as enfermeiras – mas o Sindepor, um dos principais sindicatos, logo convocou uma nova greve para abril. A negociação será retomada em 21 de março.
(Por Catarina Demony e Miguel Pereira)