Por Luc Cohen
(Reuters) - Republicanos e seus aliados estão se preparando para contestar a eleição presidencial de 5 de novembro nos Estados Unidos, entrando com ações judiciais Estado por Estado para contestar possíveis derrotas e forçando democratas a adotar uma postura defensiva por medo do caos pós-votação.
"A eleição de 2020 foi livre, justa e segura, e os democratas estão garantindo que a de 2024 seja igual", disse a campanha da candidata democrata à Presidência, Kamala Harris, em um comunicado na terça-feira.
Os republicanos estão envolvidos em 130 ações judiciais que, segundo eles, visam garantir que os votos sejam contados corretamente e que as pessoas não votem ilegalmente, após o então presidente Donald Trump alegar falsamente que sua derrota para o presidente norte-americano, Joe Biden, foi marcada por fraude em 2020. A vice-presidente Kamala e o ex-presidente republicano Trump estão em uma disputa acirrada, principalmente nos sete Estados decisivos que controlam 94 dos 270 votos do Colégio Eleitoral que um candidato precisa para vencer.
Os democratas e seus aliados dizem que as ações judiciais de seus oponentes buscam semear dúvidas sobre a legitimidade da eleição depois de cerca de 60 ações judiciais movidas por Trump e seus aliados após a votação de 2020 não conseguirem anular sua derrota.
Em vez de contra-atacar com uma campanha jurídica igualmente proativa, os democratas estão confiando em grande parte nos sistemas existentes para garantir uma eleição justa e, ao mesmo tempo, tentando impedir o que percebem como ameaças ao acesso à votação ou aos procedimentos de certificação.
O conforto dos democratas com o status quo decorre, em parte, do fato de que as autoridades estaduais responsáveis pelas eleições nos Estados cruciais rejeitaram as falsas alegações de fraude de Trump. Isso inclui governadores, procuradores-gerais e secretários de Estado de ambos os partidos.
Ao contrário dos republicanos, os democratas afirmam amplamente que a administração eleitoral foi justa em 2020 e provavelmente será novamente. Eles também foram reforçados pela expansão da votação pelo correio e da votação antecipada em Estados cruciais que decidirão a eleição.
"Os democratas e os grupos que favorecem ou estão alinhados com os democratas estão, em sua maioria, jogando na defesa no momento", disse Justin Levitt, ex-conselheiro do governo Biden sobre acesso ao voto e professor de Direito da Universidade Loyola Marymount.
A estratégia dos democratas foi exibida na última segunda-feira, quando um juiz estadual da Geórgia disse que as autoridades locais têm o dever de certificar as eleições -- um golpe para uma administradora eleitoral republicana do condado que havia argumentado que tinha poder discricionário se tivesse preocupações com o processo.
O Comitê Nacional Democrata interveio, dizendo que o caso procurava converter o processo rotineiro de certificação em uma caça por irregularidades eleitorais.
"Protegemos nossas eleições dos republicanos de extrema-direita que tentam perturbá-las", disse a campanha de Kamala em uma declaração na terça-feira sobre a decisão da Geórgia.
Em outro caso na Geórgia, um juiz suspendeu temporariamente, na terça-feira, uma nova regra aprovada pelo conselho eleitoral conservador do Estado que exigia que os mesários contassem as cédulas manualmente. Os democratas argumentaram que a mudança semearia o caos e atrasaria os resultados.
Claire Zunk, porta-voz do Comitê Nacional Republicano, acusou os democratas na última terça-feira de planejar o desmantelamento das garantias eleitorais e disse que os republicanos estão comprometidos com a proteção de todos os votos legais.
Em um comunicado, Zunk disse que os republicanos conseguiram vitórias importantes em casos relacionados à votação, como a decisão da Suprema Corte dos EUA em agosto, que reviveu requisitos de comprovação de cidadania para as eleições no Arizona, e uma decisão da Geórgia na semana passada, que negou uma pressão de grupos de ativistas pelo voto para estender o prazo de registro devido aos furacões.
(Reportagem de Luc Cohen, em Nova York; Reportagem adicional de Jack Queen, em Nova York)