Por Andrew Cawthorne e Corina Pons
CARACAS (Reuters) - A Venezuela precisa dolarizar sua economia, buscar cerca de 15 bilhões de dólares por ano no exterior e revisar a cobrança de impostos das petroleiras se quiser reverter a "destruição" provocada pelo governo do presidente Nicolás Maduro, segundo o assessor econômico de seu principal adversário na próxima eleição presidencial.
O candidato independente Henri Falcón, um ex-governador de 56 anos que enfrentará Maduro na eleição de 20 de maio, apesar da decisão da coalizão opositora de não participar, escolheu um economista que passou anos analisando o país de Wall Street para elaborar seu plano de ação.
"Quem destruiu a economia desta nação é Nicolás Maduro", disse em uma entrevista Francisco Rodríguez, economista-chefe da consultoria Torino Capital de Nova York, que voltou a Caracas para acompanhar Falcón, que está convencido de que pode vencer a eleição devido ao "desastre econômico" que seu país vive.
"Acredito que (Maduro) não tem ideia de como manejar esta economia, e esse é o problema principal... e quanto mais debate tenhamos sobre estes temas, mais se verá a profunda ignorância e incompetência no manejo atual da economia", comentou.
Assim que Falcón revelou, na semana passada, que gostaria de contar com Rodríguez como chefe de sua equipe econômica, Maduro criticou o rival por recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e contratar "um Chicago boy", aludindo aos economistas latino-americanos de direita que se formaram na cidade norte-americana.
Rodríguez, que diz só ter visitado Chicago duas vezes, afirma não ter nenhum problema para procurar todos os organismos multilaterais para pedir ajuda financeira.
Ele também é a favor de se descartar a desvalorizada moeda local para se aplicar uma dolarização, que acredita que será a melhor arma para acabar de uma vez com a hiperinflação que a nação produtora de petróleo sofre pela primeira vez devido à emissão de dinheiro sem lastro levada a cabo pelo governo atual.
"As pessoas sabem que o governo não pode imprimir dólares. A dolarização é uma política monetária perfeitamente crível", afirma Rodríguez, convencido que os eleitores apoiarão a ideia. "Todos os outros tipos de programas de ajuste podem falhar."
A inflação venezuelana chegou a 6.174 por cento em fevereiro, segundo uma medição feita pela oposicionista Assembleia Nacional diante da falta de dados oficiais. Rodríguez teme que o fenômeno se prolongue por vários anos mais se medidas efetivas não forem adotadas.
Para estabilizar a economia, a Venezuela necessitaria de algo entre 15 bilhões e 20 bilhões de dólares por ano, de acordo com seus cálculos, e ele pensa em buscá-los entre investidores estrangeiros, muitos do setor petroleiro, e em organismos multilaterais como o FMI.