Por Parisa Hafezi
ISTAMBUL (Reuters) - A primeira diretora iraniana indicada ao Oscar desafiou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a assistir seu filme para ver se seu retrato da experiência dos iranianos comuns com a guerra e a revolução mudará suas opiniões sobre o país.
Trump chamou o Irã de "nação terrorista" devido a seu envolvimento em conflitos no Oriente Médio e repudiou um acordo internacional que descartou sanções contra Teerã em troca de limitações no que muitos no Ocidente acreditam ser um programa de armas nucleares.
"Nafas" (Fôlego), filme de Narges Abyar falado em farsi, acompanha a jovem Bahar, que vive as mudanças provocadas pela Revolução Islâmica de 1979 no Irã e o início da guerra Irã-Iraque em 1980 com sua família empobrecida.
Seu grande temor é perder o pai, que sofre de asma crônica e cria Bahar e seus três irmãos e irmãs sozinho, e ela passa grande parte do tempo cuidando de sua respiração. Longe de se mostrar gentil, a avó devota de Bahar a pune por se recusar a ir à escola aprender o Alcorão.
O filme e a indicação de Abyar ao Oscar revoltaram conservadores linha-dura do establishment iraniano, que classificam a guerra Irã-Iraque como a "Defesa Sagrada" e consideram o filme anti-islâmico.
"Três centenas de crianças (iranianas) foram mortas durante a guerra. Por que eu não deveria mostrá-las todas?", questionou Abyar na entrevista à Reuters. "Este filme promove a paz."
Segundo a diretora, também pode "ajudar a sociedade americana... a entender que os iranianos não são terroristas, como afirmado por alguns políticos".
"Trump está usando a língua da ameaça contra o Irã... o que ele pensará se assistir 'Nafas'? Será que continuará a ameaçar o Irã?"