Por Yara Bayoumy
WASHINGTON (Reuters) - Um reconhecimento formal de Jerusalém como capital de Israel da parte dos Estados Unidos seria o "beijo da morte" para a solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino, disse o principal representante da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Washington na segunda-feira.
"Caso tal passo seja dado, teria consequências catastróficas", disse Husam Zomlot à Reuters em uma entrevista.
"Isso na verdade seria o beijo da morte à solução de dois Estados porque Jerusalém está no cerne da solução de dois Estados", afirmou Zomlot.
Na semana passada, uma autoridade de alto escalão dos EUA disse à Reuters que o presidente Donald Trump provavelmente fará o anúncio na quarta-feira, embora seu conselheiro e genro, Jared Kushner, tenha dito que o presidente ainda não tomou uma decisão definitiva.
Tal declaração romperia com décadas de política norte-americana para o conflito e poderia atiçar a violência no Oriente Médio.
Presidentes norte-americanos anteriores insistiram que o status de Jerusalém – que abriga santuários judeus, muçulmanos e cristãos – deve ser decidido em negociações entre os dois lados.
"Caso a solução de dois Estados receba o golpe letal final, nossa principal reação será estratégica e política, porque não nos envolveremos em nenhum processo vazio", disse Zomlot.
Autoridades israelenses deixaram claro que saudariam uma defesa norte-americana de sua reivindicação de soberania sobre a totalidade de Jerusalém.
Não surgiram comentários imediatos do governo de Israel aos comentários de Zomlot.
Israel capturou o leste árabe de Jerusalém na Guerra dos Seis Dias de 1967 e mais tarde o anexou, declarando a totalidade da cidade como sua capital – uma medida não reconhecida internacionalmente. Os palestinos querem Jerusalém Oriental como a capital de seu futuro Estado.
Kushner está liderando os esforços de Trump para retomar as conversas de paz israelo-palestinas, paralisadas há tempos, esforços que até agora deram pouco resultado.
Zomlot alertou que o papel dos EUA como mediadores do conflito seria efetivamente minado se Trump declarar Jerusalém como capital de Israel.
"Seria uma desqualificação autoinfligida dos EUA no papel de mediadores... (que) será irreversível porque a esta altura os EUA seriam parte do problema, não parte da solução", disse.