Por Alexandra Alper e Noe Torres
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O México deu uma recepção fria a autoridades de primeiro escalão dos Estados Unidos em visita ao país devido a uma polêmica relativa à deportação de imigrantes ilegais, e um ministro minimizou as chances de uma reunião planejada com o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, nesta quinta-feira acontecer.
O governo dos EUA está planejando deportar muitos imigrantes ilegais para o México se eles entrarem no país vindos de territóroi mexicano, independentemente de sua nacionalidade, o o que provocou uma reação acalorada das autoridades mexicanas.
Na quarta-feira o ministro das Relações Exteriores, Luis Videgaray, chamou as medidas de "unilaterais" e "inéditas".
As novas diretrizes imigratórias de Washington devem aparecer no topo da pauta de reuniões entre o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, e o secretário de Segurança Interna, John Kelly, na Cidade do México.
Elas são a causa mais recente de tensão entre os dois vizinhos, que também estão em atrito devido à promessa do presidente dos EUA, Donald Trump, de construir um muro na fronteira e de suas tentativas de intimidar o México para que faça concessões na arena comercial.
O ministro da Economia mexicano, Idelfonso Guajardo, disse que um encontro entre os dignitários dos EUA e Peña Nieto na residência presidencial Los Pinos nesta quinta-feira, anunciada previamente pelo Departamento de Segurança Interna, depende da substância das conversas.
"A reunião em (Los) Pinos irá acontecer, se acontecer, no contexto dos acordos a que eles chegarem" e se houver mensagens claras a serem transmitidas por meio dos enviados, disse Guajardo à Foro TV.
Enquanto as autoridades norte-americanas visitavam a chancelaria mexicana, um grupo pequeno de manifestantes gritava slogans do lado de fora e segurava cartazes com os dizeres "Os secretários não são bem-vindos" e "Detenham Donald Trump, o Ódio, o Racismo e a Ignorância".
Peña Nieto cancelou um encontro já agendado com Trump em Washington no mês passado devido a desentendimentos a respeito dos esforços dos republicanos para erguer um muro fronteiriço visando deter a imigração ilegal.
VISITA DIFÍCIL
O próprio Trump disse que a visita de seus enviados não seria fácil.
"Vai ser uma viagem dura. Porque temos que ser tratados com justiça pelo México. Vai ser uma viagem dura", disse Trump em uma reunião com líderes empresariais na Casa Branca na qual afirmou que o déficit comercial dos EUA com o vizinho do sul é de 70 bilhões de dólares.
Outros funcionários de Washington tentaram minimizar as tensões. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse aos repórteres na véspera das reuniões que o relacionamento de sua nação com o México é "fenomenal", e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, fez comentários conciliadores sobre o comércio.
Mesmo assim, as esperanças de um degelo nas relações continuam pequenas.
"O relacionamento... está em um ponto tão baixo historicamente que seria sonhar acordado supor que novos itens concretos na pauta para melhorá-lo irão surgir neste momento", disse Jason Marczak, diretor da Iniciativa de Crescimento Econômico na América Latina do Conselho Atlântico.