Por Julia Symmes Cobb e Ana Isabel Martinez
PEDERNALES/CANOA, Equador (Reuters) - Assolado por um forte terremoto no fim de semana, o Equador está diante da dura realidade de recuperar mais corpos do que sobreviventes nesta terça-feira, terceiro dia depois da tragédia, e o saldo de mortes subiu para mais de 400.
Rezando por milagres, familiares desesperados imploravam para que as equipes de resgate encontrassem seus entes queridos enquanto escavavam os destroços de casas, hotéis e lojas desmoronadas na costa do Oceano Pacífico, a região mais atingida.
Em Pedernales, uma cidade litorânea rústica que ficou devastada, multidões se reuniam atrás de fitas de isolamento para ver bombeiros e policiais revolvendo os escombros noite adentro. O estádio de futebol da localidade está servindo como um centro de apoio e necrotério improvisados.
"Encontrem meu irmão, por favor!", gritava Manuel, de 17 anos, gesticulando com os braços para o céu diante de uma pequena loja de esquina onde seu irmão caçula trabalhava quando o tremor aconteceu, na noite de sábado.
Quando um passante disse que recuperar o corpo pelo menos lhe daria o conforto de poder enterrar o irmão, Manuel gritou "Não diga isso!".
Mas para ele e centenas de equatorianos angustiados com o desaparecimento de parentes, o tempo está acabando.
A partir desta terça-feira, os esforços de resgate irão se tornar muito mais uma busca por cadáveres, disse o ministro do Interior do Equador, José Serrano, à Reuters. O saldo de mortes está em 413, mas se espera que aumente.
O terremoto deixou pelo menos 2.600 feridos, danificou mais de 1.500 edifícios e obrigou 18 mil pessoas a passarem a noite em abrigos, de acordo com o governo equatoriano.
Em muitos vilarejos ou cidades mais isoladas, os sobreviventes sofrem com a falta de água, eletricidade e transporte. As operações de resgate continuam, mas o cheiro de decomposição é um indicativo do que provavelmente irão encontrar.
Quase 400 socorristas de vários países vizinhos foram ao Equador prestar ajuda, além de 83 especialistas da Suíça e da Espanha. Os Estados Unidos disseram que irão enviar uma equipe de especialistas em desastres, e
Cuba está encaminhando uma equipe de médicos.
Em visita à zona do desastre na segunda-feira, o presidente equatoriano, Rafael Correa, visivelmente comovido, disse que a reconstrução irá custar bilhões de dólares e que pode representar um fardo "pesado" à nação de 16 milhões de pessoas e membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).