QUITO (Reuters) - As eleições presidenciais deste domingo permitirão aos equatorianos decidirem se querem manter ou mudar o modelo socialista de governo implementado pelo atual presidente, Rafael Correa, que, depois de uma década, deixa um país menos empobrecido, mas eivado de denúncias de corrupção e uma economia cambaleante.
As últimas pesquisas apontam vantagem do candidato oficial, o ex-vice-presidente de Correa, Lenín Moreno, mas não o suficiente para vencer em primeiro turno seus principais opositores, Guillermo Lasso e Cynthia Viteri.
Cada candidato representa um modelo diferente de gestão para os próximos quatro anos, com um grande número de eleitores ainda indecisos. Moreno, um administrador de 63 anos que sofre de paraplegia, chega as eleições com vantagem. Lasso, um conservador de 61 anos, e Viteri, ex-deputada, jornalista e crítica ferrenha de Correa, terminaram por dividir os votos da oposição.
O candidato de Correa conquistou seus eleitores justamente com a promessa de continuar o projeto político do presidente, centrado em programas sociais, participação ativa do Estado na economia e uma melhor distribuição da riqueza. "Agora é o momento de construir um futuro mais luminoso, porque isso é uma revolução: continuar, jamais retroceder", disse Moreno recentemente em um comício em Quito.
Lasso, um defensor do livre mercado, está em segundo lugar nas pesquisas e tenta chamar a unidade da oposição para enfrentar o candidato oficial em um eventual segundo turno. Lasso e Viteri representam o descontentamento de parte dos equatorianos com as políticas socialistas do governo e o estilo de confronto de Correa, assim como o direcionamento da economia equatoriana, dolarizada e fortemente afetada pela queda nos preços do petróleo.
Estão na disputa ainda outros cinco candidatos, mas nenhum deles ultrapassa os oito por cento de intenções de voto.
Os escândalos que atingem servidores próximos a Correa, tanto na estatal Petroecuador como em uma rede de subornos da empreiteira Odebrecht, levaram os candidatos, incluindo Moreno, a anunciar comissões especializadas para o combate à corrupção.
Para vencer em primeiro turno, o candidato precisa ter a maioria absoluta dos votos válidos ou 40 por cento deles com uma vantagem de pelo menos 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado. Se isso não ocorrer, o segundo turno será em 2 de abril. . Também serão eleitos os 137 membros da Assembleia Nacional.
Os locais de votação abriram esta manhã às 7h, horário local, e fecham às 17h, com a previsão de 12,8 milhões de eleitores indo as urnas. O voto no Equador é obrigatório.
(Por Alexandra Valencia. Reportagem adicional de José Llangari e Yury Garcia)