Por Anthony Deutsch e Tom Perry
HAIA/BEIRUTE (Reuters) - Uma equipe de segurança da Organização das Nações Unidas ficou sob fogo na Síria enquanto fazia reconhecimento para inspetores visitarem locais de um possível ataque com armas químicas, e autoridades disseram que não está claro quando inspetores serão capazes de entrar.
Os inspetores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) estão na Síria para investigar um incidente em 7 de abril no qual países ocidentais e socorristas dizem que diversos civis foram vitimados com gás até a morte por forças do governo.
O diretor-geral da Opaq, Ahmet Uzumcu, disse que o Departamento de Proteção e Segurança da ONU (UNDSS) havia decidido realizar reconhecimento em dois locais na cidade de Douma antes da visita de inspetores.
“Na chegada ao local um, uma grande multidão se juntou e o conselho dado pela UNDSS era que a equipe de reconhecimento deveria se retirar”, disse ele em um encontro na sede do órgão monitor em comentários divulgados posteriormente. "No local dois, a equipe ficou sob fogo de armas pequenas e um explosivo foi detonado. A equipe de reconhecimento retornou para Damasco”.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, culpou o governo da Síria por atrasos na chegada de inspetores aos locais e disse que o governo sírio possui um histórico de tentar “limpar evidências antes da equipe de investigação chegar”.
“Nós estamos muito cientes do atraso que o regime impôs sobre a delegação, mas também estamos muito cientes de como eles operaram no passado e confirmaram o que fizeram usando armas químicas”, disse Mattis antes do início de um encontro com o ministro da Defesa do Catar.
Estados Unidos, Reino Unido e França dispararam mísseis contra alvos sírios no sábado em retaliação a possível uso de armas químicas. Eles dizem que a chegada de inspetores está sendo atrasada por autoridades sírias que agora controlam a área, e que evidências do ataque químico podem estar sendo destruídas.
Damasco e Moscou, sua aliada, negam ataque a gás, atraso a inspeções ou adulteração em evidências no local. O embaixador britânico para a Opaq, Peter Wilson, disse que agora é incerto quando inspetores poderão chegar à cidade.
O grupo rebelde sediado em Douma anunciou sua rendição horas após o possível ataque com armas químicas, e os últimos rebeldes deixaram a cidade uma semana depois, horas após os ataques retaliatórios ocidentais.
A intervenção liderada pelos EUA ameaçou intensificar confrontos entre o Ocidente e a Rússia, apoiadora de Assad, embora não tenha tido impactos nos confrontos em solo, onde forças pró-governo têm pressionado com uma campanha para derrotar a rebelião.
Assad agora está em sua posição mais forte desde os primeiros meses de uma guerra civil de sete anos que matou mais de 500 mil pessoas e afastou mais da metade dos sírios de suas casas.
ATRASO CAUSA DISPUTA
A equipe da Opaq irá buscar evidências a partir de amostras do solo, entrevistas com testemunhas, amostras de sangue, urina e tecido de vítimas e partes de armas. Mas, mais de uma semana após o possível ataque, provas concretas podem ser difíceis de ser rastreadas.
Uma autoridade próxima ao governo sírio disse que a equipe de segurança da ONU havia sido recebida por manifestantes protestando contra os ataques liderados pelos EUA.
“Foi uma mensagem do povo”, disse a autoridade. A missão “irá continuar seu trabalho”, acrescentou.
Douma foi a última cidade a resistir no enclave sitiado de Ghouta oriental, último grande bastião rebelde próximo à capital Damasco. A região de Ghouta oriental foi capturada por um avanço do governo durante os últimos dois meses.