ANCARA/SOCHI (Reuters) - O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, criticou intervenções dos Estados Unidos e da Rússia na Síria nesta segunda-feira e disse que caso os países acreditem verdadeiramente que uma solução militar é impossível, deveriam retirar suas tropas.
O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Donald Trump, disseram em comunicado conjunto no sábado que irão continuar a lutar contra o Estado Islâmico na Síria, embora concordando que não há solução militar para o conflito de seis anos no país.
“Estou tendo problemas para entender estes comentários”, disse Erdogan a repórteres antes de viajar à Rússia para conversas com Putin. “Caso uma solução militar esteja fora de questão, então estes que dizem isto deveriam retirar suas tropas”.
“Então um método político deveria ser buscado na Síria, maneiras de seguir para eleições deveriam ser examinadas... Nós iremos discutir isto com Putin”, disse.
Após mais de quatro horas de conversas com Putin na cidade de Sochi, no sul da Rússia, Erdogan disse que os dois líderes haviam concordado em focar em uma solução política para o conflito.
Putin disse que a Rússia irá continuar a trabalhar na Síria com a Turquia e que seus esforços estavam produzindo resultados: “O nível de violência definitivamente tem sido reduzido, condições favoráveis estão sendo criadas para a progressão de um diálogo inter-sírio”.
Nenhum dos líderes entrou em detalhes mais específicos. Perguntado se os dois discutiram os comentários anteriores de Erdogan, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as conversas foram sobre questões mais complexas que não podem ser tornadas públicas, de acordo com a agência de notícias RIA.
A Turquia tem se aborrecido com missões russas e norte-americanas na Síria. Antes de sua viagem à Rússia, Erdogan disse que tanto Moscou, que apoia o presidente Bashar al-Assad, quanto Washington, que armou forças sírias curdas YPG que Ancara vê como aliadas a separatistas que lutam no sudeste da Turquia, estabeleceram bases.
"Os Estados Unidos disseram que sairiam completamente do Iraque, mas não o fizeram. O mundo não é estúpido, algumas realidades são ditas de forma diferente e praticadas de forma diferente", afirmou ele.