Por Robin Emmott
BRUXELAS (Reuters) - O presidente turco, Tayyip Erdogan, exortou a União Europeia nesta segunda-feira a cogitar a criação de refúgios e zonas de exclusão aérea na Síria como maneira de solucionar a crise imigratória do bloco, mas demonstrou disposição para discutir os pedidos europeus de mais campos de refugiados na Turquia.
Durante uma viagem histórica que foi ofuscada pelas incursões da Rússia no espaço aéreo turco perto da Síria, Erdogan procurou mudar o foco para o que vê como o fracasso da Europa em acolher mais refugiados ou intervir na guerra civil síria.
"A causa principal da crise de refugiados hoje é a guerra na Síria", declarou Erdogan aos repórteres após uma série de reuniões em Bruxelas com autoridades de primeiro escalão da União Europeia. Ele pediu à UE que faça mais para treinar os rebeldes, estabelecer uma zona segura no norte da Síria e colocar em vigor uma zona de exclusão aérea para acabar com os bombardeios a civis.
Embora as divisões políticas na Europa e o apoio aéreo da Rússia ao presidente sírio, Bashar al-Assad, signifiquem que as iniciativas tenham pouca chance de se concretizar, Erdogan se esforçou para enfatizar que é a Europa, não a Turquia, quem precisa agir mais.
"Temos uma fronteira com a Síria ... com o Iraque. Então somos um país que está ameaçado aqui", afirmou ele ao lado do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em referência aos militantes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
A Turquia, aliada da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), vem tendo atritos em suas relações com Bruxelas por conta da demora de sua admissão como membro da UE, mas a situação na Síria está forçando os dois aliados a abraçar a diplomacia.
Diante de sua pior crise imigratória desde a dissolução da Iugoslávia nos anos 1990, a Europa está deixando de lado suas críticas do que vê como o autoritarismo crescente de Erdogan e torcendo para que a Turquia absorva mais refugiados sírios e iraquianos.