Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O mundo pode ver a destruição de ecossistemas inteiros neste século se não for adotada uma ação urgente sobre as mudanças climáticas, diz o papa Francisco em um texto prévio de sua esperada encíclica sobre o meio ambiente.
Na versão italiana do documento de 192 páginas, publicada na segunda-feira pelo semanário L'Espresso, o papa novamente apoia cientistas que dizem que o aquecimento global é principalmente provocado pelo homem e os países desenvolvidos têm uma responsabilidade especial em conter uma tendência que vai prejudicar os mais pobres.
Essa posição foi contestada pelos conservadores, particularmente nos Estados Unidos, que têm feito fortes críticas ao primeiro pontífice da América Latina por tratar de questões científicas.
O Vaticano condenou o vazamento do documento, mas não negou sua autenticidade. Um porta-voz disse que ainda não era a versão final, a qual permaneceria sob embargo até seu lançamento, agendado para quinta-feira. Ainda assim, os principais jornais da Itália publicaram páginas com trechos em suas edições desta terça-feira.
"Se a tendência atual continuar, este século pode ver mudanças climáticas nunca vistas e uma destruição sem precedentes dos ecossistemas, com consequências graves para todos nós", escreveu Francisco, de acordo com a versão obtida pela imprensa.
Ao tornar a proteção ambiental um imperativo moral, a intervenção do papa poderia estimular os 1,2 bilhão de católicos no mundo a pressionarem as autoridades em questões do meio ambiente. O papa disse querer que o documento, chamado "Laudato Si" (seja louvado), Sobre os Cuidados da Casa Comum", seja parte do debate este ano em uma grande cúpula da ONU sobre mudança climática em Paris.