Por Linda Sieg
TÓQUIO (Reuters) - Um escândalo de favorecimento que envolveu o primeiro-ministro do Japão se aprofundou nesta terça-feira, antes de um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por causa de um memorando que, segundo a mídia, insinua que um ex-assessor ajudou a obter aprovação para que um amigo do premiê abrisse uma escola veterinária.
O índice de aprovação do premiê Shinzo Abe foi abalado por vários escândalos de possíveis favorecimentos e acobertamentos, provocando dúvidas sobre quanto tempo ele consegue permanecer no poder e sobre seu objetivo de revisar a Constituição pacifista do pós-guerra.
Seus problemas domésticos estão crescendo antes da reunião com Trump na semana que vem e um já esperado ataque contra as políticas comerciais do Japão.
O jornal Asahi disse que um ex-assessor de Abe, Tadao Yanase, disse a autoridades locais em 2015 que um plano do amigo do líder japonês para uma escola veterinária em uma zona de desregulamentação designada pelo governo era uma "questão do primeiro-ministro" e que estas deveriam trabalhar duro para concretizá-la.
Abe negou ter instruído autoridades a darem um tratamento preferencial ao seu amigo, Kotaro Kake, diretor da operadora de escolas Kake Gakuen, que queria abrir a primeira escola veterinária japonesa em mais de 50 anos.
Yanase, hoje um funcionário graduado do Ministério da Economia, do Comércio e da Indústria, disse em um comunicado que não se lembra de ter se reunido com autoridades da municipalidade de Ehime ou da cidade de Imabari para debater o projeto.
O status de zona econômica isenta algumas localidades de regulamentos nacionais como, neste caso, limites ao número de escolas veterinárias. A Kake Gakuen obteve aprovação para inaugurar a escola em uma zona econômica especial de Imabari.
"Eu me encontrava com muitas pessoas todos os dias, mas tanto quanto me lembro não me encontrei com pessoas da municipalidade de Ehime ou da cidade de Imabari", disse Yanase em um comunicado.
Ele acrescentou que, assim que o processo de seleção teve início, algo ocorrido depois de ele deixar seu posto de assessor de Abe, não poderia ter dito a pessoas de fora que se tratava de uma "questão do primeiro-ministro".
O Asahi citou um documento que disse parecer ter sido preparado por autoridades de Ehime. Mais tarde o governador de Ehime disse a repórteres que o memorando foi elaborado por um ou mais funcionários da municipalidade, segundo a televisão pública NHK e a agência de notícias Kyodo.