Por Cassandra Garrison e Andrea Shalal
BUENOS AIRES/WASHINGTON (Reuters) - Oposição regional à escolha do presidente Donald Trump para comandar o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) dissipou-se antes da votação deste fim de semana, dando um impulso de última hora ao candidato que pode se tornar o primeiro chefe norte-americano do principal credor da América Latina.
Mauricio Claver-Carone, um inflamado conselheiro sênior de Trump para América Latina, tem o apoio da maioria para chefiar o BID, mas um grupo de países parecia próximo de obter os 25% de votos necessários para segurar a eleição.
Alguns países que se opuseram à candidatura de Claver-Carone, incluindo Argentina, Chile, México e Costa Rica, e algumas autoridades da União Europeia, agora admitem em conversas reservadas não terem mais o apoio que esperavam.
Uma autoridade do Ministério das Relações Exteriores da Argentina sugeriu que os planos para suspender a votação estavam fora da mesa, já que não haveria um número suficiente de países membros dispostos a obstruir o candidato dos EUA.
A votação do BID tornou-se uma batalha geopolítica entre o governo Trump, interessado em ganhar influência na América Latina rica em recursos e conter a ascensão da China, e alguns na região que não querem perder o controle do credor.
O BID tem sido comandado por um presidente latino-americano desde sua origem, em 1959.
O México, que era peça fundamental para obstruir a votação, sinalizou que agora não bloqueará o quórum necessário para realizar a eleição, afirmou uma fonte familiarizada com o processo.
A fonte não deu mais detalhes, mas o ex-secretário de Relações Exteriores do México Jorge Castañeda disse em uma coluna de opinião que o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, não conseguiu estimular a oposição ao candidato de Trump.
"A Argentina não poderia bloquear a eleição sozinha; tudo estava nas mãos do México e de AMLO”, escreveu Castañeda. "Ele se acovardou."
O ministério das finanças do México não respondeu a um pedido de comentário.
Os países latino-americanos que pediram um adiamento detêm cerca de 22% do capital votante do banco --abaixo dos 25% necessários para bloquear o quorum no dia da votação. As autoridades argentinas esperavam que países europeus se juntassem aos esforços e alterassem a balança.
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Sola, disse a uma estação de rádio local esta semana que a Europa falhou.
"Vamos ratificar nossa posição de que o BID não pode ser liderado por um candidato dos EUA e que não pode ser vítima da competição entre os EUA e a China", disse.
(Reportagem adicional de Stefanie Eschenbacher na Cidade do México)