Por Ellen Francis e Michelle Nichols
BEIRUTE/NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Especialistas internacionais de armas químicas irão à cidade síria de Douma para investigar um possível ataque a gás venenoso, informou a organização deles nesta terça-feira, conforme os Estados Unidos e outras potências ocidentais consideram ação militar por conta do incidente.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que iria viajar ao Peru na sexta-feira, cancelou viagem à América Latina para focar em uma resposta ao incidente sírio, informou a Casa Branca. Trump alertou na segunda-feira sobre uma resposta rápida e forte assim que a responsabilidade pelo ataque for estabelecida.
A França e o Reino Unido também discutiram com o governo Trump sobre como responder ao incidente. Ambos destacaram que o culpado pelo incidente ainda precisa ser confirmado.
Ao menos 60 pessoas foram mortas e mais de mil ficaram feridas no ataque no sábado em Douma, então ainda ocupada por forças rebeldes, de acordo com um grupo sírio de socorro.
O governo do presidente da Síria, Bashar al-Assad, e a Rússia, sua aliada, disseram que não há evidências de que um ataque a gás aconteceu e que a reivindicação é falsa.
O incidente colocou o conflito de sete anos na Síria de volta ao fronte de preocupação internacional e deixou Washington e Moscou um contra o outro novamente.
Agravando a volátil situação na região, o Irã, outro importante aliado de Assad, ameaçou responder a um ataque aéreo contra uma base militar síria na segunda-feira pelo qual Teerã, Damasco e Moscou culparam Israel.
Na Síria, milhares de militantes e suas famílias chegaram em partes tomadas por rebeldes no noroeste do país após entregarem Douma a forças do governo.
A saída dos militantes restaurou o controle de Assad sobre Ghouta Oriental, anteriormente o maior bastião rebelde próximo a Damasco, e deu ao presidente sua maior vitória no campo de batalha desde 2016, quando ele retomou Aleppo.
CHEIRO DE GÁS
A Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), sediada em Haia, informou que a Síria havia sido solicitada a fazer arranjos necessários para o envio de uma equipe de investigação.
“Esta equipe está se preparando para ir à Síria em breve”, informou em comunicado.
A missão terá como objetivo determinar se munições proibidas foram usadas, mas não irá atribuir culpa. Médicos e testemunhas disseram que vítimas possuíam sintomas de envenenamento, possivelmente por um agente nervoso, e relataram o cheiro de gás cloro.
O governo Assad e a Rússia pediram para a Opaq investigar as acusações de uso de armas químicas em Douma, uma ação aparentemente com objetivo de evitar qualquer ação liderada pelos EUA.
“A Síria está disposta a cooperar com a Opaq para descobrir a verdade por trás das acusações que algumas partes ocidentais têm feito para justificar suas intenções agressivas”, informou a agência de notícias estatal síria, Sana.