Por Julie Steenhuysen
CHICAGO (Reuters) - Cientistas e especialistas em ética renomados de sete países pediram nesta quarta-feira uma moratória global à edição genética de óvulos, esperma ou embriões humanos que resultariam em bebês geneticamente alterados, após um pesquisador chinês ter anunciado no ano passado o nascimento das primeiras gêmeas editadas geneticamente da história.
A notícia provocou um repúdio global ao trabalho e criou o espectro ético dos chamados bebês por encomenda, nos quais os embriões podem ser modificados geneticamente para produzir crianças com características desejáveis.
Os cientistas e especialistas em ética querem frear as alterações genéticas de "linhas germinais" – células de óvulos ou esperma – que depois podem ser herdadas por outros e "podem ter efeitos permanentes e possivelmente danosos à espécie".
A moratória vigoraria até que as nações consigam criar princípios internacionais para orientar o uso da tecnologia, escreveram especialistas no periódico científico Nature. Ela não cobriria a edição genética de embriões para propósito de pesquisas que não levariam a um nascimento.
"O arcabouço da governança que estamos pedindo colocará grandes obstáculos diante dos planos mais aventureiros para redesenhar a espécie humana", disseram os especialistas em um comentário na Nature. "A adoção de modificações genéticas em gerações futuras poderia ter efeitos permanentes e possivelmente danosos à espécie", escreveram.
Tal trabalho difere das pesquisas, realizadas por numerosas empresas farmacêuticas e cientistas, de terapias genéticas baseadas na edição das chamadas células somáticas, que afetam a saúde de um indivíduo corrigindo uma doença ou moléstia, mas que seriam transmitidas para seus descendentes.
(Reportagem adicional de Kate Kelland)