Por Arshad Mohammed
WASHINGTON (Reuters) - O Estado Islâmico cometeu genocídio contra minorias cristãs e yazidis, além de muçulmanos xiitas, disse o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, nesta quinta-feira, em uma revelação que não deve mudar muito a política norte-americana para o grupo militante sunita.
"O fato é que o Daesh (termo árabe para o Estado Islâmico) mata cristãos por serem cristãos. Yazidis por serem Yazidis. Xiitas por serem xiitas", afirmou Kerry, acusando o grupo de crimes contra a humanidade e limpeza étnica.
Embora a revelação do genocídio possa tornar mais fácil para os EUA argumentarem a favor de mais ações contra o grupo, legalmente não obriga Washington a fazer mais.
Na quarta-feira, Mark Toner, porta-voz do Departamento de Estado, disse: "Reconhecer que genocídio ou crimes contra a humanidade ocorreram em outro país não resultaria necessariamente em nenhuma obrigação legal em particular para os Estados Unidos".
Nos últimos anos, militantes do Estado Islâmico ocuparam diversas partes do Iraque e Síria, com objetivo de estabelecer o jihadismo no coração do mundo árabe.
Os vídeos do grupo mostram execuções violentas de pessoas que se colocam em seu caminho. Neles, seus opositores são decapitados, mortos a tiros, explodidos com cargas atadas ao pescoço e afogados em celas mergulhadas em piscinas nas quais câmeras à prova de água capturam seus momentos de agonia.
O presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou ataques aéreos contra o grupo, mas não se comprometeu a enviar soldados para as frentes de batalha.
"Isso pode fortalecer nossa posição ao levar outros países a ajudar. Pode nos livrar de algumas restrições (legais), mas a verdade é que, quando você está combatendo alguém, não precisa de outra razão para fazê-lo", disse Jon Alterman, diretor do programa de Oriente Médio do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.