Por Babak Dehghanpisheh e Maher Chmaytelli
QAYYARA/BAGDÁ (Reuters) - Combatentes do Estado Islâmico mantiveram nesta quarta-feira sua defesa feroz contra as investidas ao sul de Mosul, contendo tropas do Iraque nessa frente e obrigando uma unidade de elite do Exército no leste da cidade a adiar um avanço mais rápido.
Dez dias após o início da ofensiva, o Exército do Iraque e unidades da polícia federal iraquiana estão tentando desalojar os militantes de vilarejos na região de Shora, 30 quilômetros ao sul da segunda maior cidade do Iraque.
As frentes de batalha de outras áreas se aproximaram muito mais dos limites de Mosul, a última grande cidade do país sob controle dos militantes, que a ocupam desde 2014.
A unidade de elite do Exército que se aproximou pelo leste freou seu avanço ao se acercar de áreas construídas, esperando as outras forças de ataque para preencher a lacuna.
"À medida que as forças iraquianas chegam mais perto de Mosul, vemos que a resistência do Daesh (Estado Islâmico) está ficando mais forte", disse o major Chris Parker, porta-voz da coalizão na base aérea de Qayyara, ao sul de Mosul, que serve como foco da campanha.
O combate adiante provavelmente será mais difícil e mortífero porque 1,5 milhão de moradores permanecem na cidade, e as projeções mais pessimistas estimam que até um milhão deles podem ser obrigadas a fugir, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Agências de assistência da ONU disseram que até agora os confrontos forçaram cerca de 10.600 mil pessoas a deixar seus lares. Lise Grande, coordenadora humanitária da ONU para o Iraque, disse à Reuters na terça-feira que um êxodo em massa pode ocorrer, talvez já nos próximos dias.
No pior dos cenários, Lisa disse que também é possível que combatentes do Estado Islâmico que controlaram Mosul durante mais de quatro anos recorram a "armas químicas rudimentares" para conter o ataque iminente.
A batalha pode se tornar a maior dos 13 anos de tormento desencadeados pela invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003, e a queda de Mosul marcaria a derrota efetiva do grupo no país. Foi de sua Grande Mesquita que o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, declarou um "califado" que ainda engloba partes da Síria.
O secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, disse na terça-feira que o ataque a Raqqa, principal bastião do Estado Islâmico na Síria, irá começar enquanto a batalha de Mosul transcorre.
Uma autoridade norte-americana de alto escalão disse que cerca de 50 mil tropas terrestres iraquianas estão participando da ofensiva -- uma força principal de 30 mil soldados das Forças Armadas do governo, 10 mil combatentes curdos e 10 mil policiais e voluntários locais.
Unidades do Exército do Iraque estão no sul e no leste, e os combatentes curdos estão atacando do leste e do norte da cidade, onde entre 5 e 6 mil jihadistas estão entrincheirados, de acordo com estimativas dos militares iraquianos.
Cerca de 5 mil forças dos EUA também estão no Iraque. Mais de 100 delas estão aconselhando comandantes de forças iraquianas e curdas peshmerga e ajudando os aviões da coalizão a atingirem seus alvos, mas não estão atuando nas frentes de batalha.