Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS, (Reuters) - Um grupos de 51 Estados muçulmanos impediu que 11 organizações de gays e transgêneros participem de uma reunião de alto nível da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a contenção da Aids no mês que vem, desencadeando protestos de Estados Unidos, Canadá e União Europeia.
O Egito escreveu ao presidente da Assembleia Geral de 193 membros em nome da Organização da Cooperação Islâmica (OIC, na sigla em inglês) para se opor à participação dos 11 grupos, mas sem dar uma razão em sua carta, que a Reuters viu.
Samantha Power, embaixadora dos EUA na ONU, escreveu por sua vez ao presidente da Assembleia Geral, Mogens Lykketoft, e disse que os grupos parecem ter sido impedidos por seu envolvimento na defesa de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.
"Dado que os transgêneros têm 49 vezes mais probabilidade de viver com HIV do que a população em geral, sua exclusão da reunião de alto nível só irá impedir o progresso global no combate à pandemia de HIV/Aids", escreveu Samantha.
Autoridades dos EUA disseram que o Canadá e a União Europeia também escreveram a Lykketoft para protestar às objeções do OIC, entre cujos membros estão Arábia Saudita, Irã, Indonésia, Sudão e Uganda.
A questão dos direitos e da participação da comunidade LGBT em eventos na ONU vem causando controvérsia há tempos. O secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, vem promovendo a igualdade LGBT, mas enfrenta a oposição de países africanos, árabes e muçulmanos, além da Rússia e da China.
"Estamos profundamente preocupados que, em cada negociação em uma nova reunião da Assembleia Geral, a questão da participação de organizações não-governamentais (ONGs) seja questionada e sujeita a escrutínio", escreveu a diplomata norte-americana.
"O movimento para bloquear a participação de ONGs por motivos espúrios ou ocultos está se tornando epidêmica e prejudica severamente a credibilidade da ONU."