SÃO PAULO (Reuters) - Existem algumas ideias muito boas enterradas em algum lugar em "A 5ª Onda", que gritam, imploram para se materializar. Mas o roteiro esquemático e superficial, inspirado no romance homônimo de Rick Yancey, e a direção burocrática de J. Blakeson (roteirista de "Abismo do Medo 2") impedem que qualquer coisa mais inteligente do que correria e tiros possa acontecer no filme protagonizado por Chloë Grace Moretz, uma boa atriz aqui mal aproveitada.
As ondas do título se referem a um ataque alienígena que domina e dizima a Terra a cada dia –embora, como de costume nas produções hollywoodianas, se acompanhe apenas o que acontece nos Estados Unidos. Cassie (Chloë) é uma estudante de classe média, que leva uma vida tranquila até que os aliens chegam. O primeiro sinal da invasão é quando os eletroeletrônicos param de funcionar. Depois são os carros, até que uma nave gigantesca e assustadora circunda o planeta.
Logo os mais fracos morrem de uma super gripe aviária, e os sobreviventes se refugiam em campos escondidos no meio do mato.
A essa altura, os alienígenas já ganharam o nome de "Os Outros". A chegada dos militares –comandados por Vosch (Liev Schreiber)– no campo onde estão Cassie, seu pai (Ron Livingston), e o irmão mais novo, Sam (Zackary Arthur), parece trazer uma brisa de esperança. Mas não é bem isso que acontece, quando todos os adultos morrem num tumulto e as crianças são mandadas para uma base militar, onde serão treinados para irem para a guerra contra os alienígenas.
Nesse sentido, o filme toca em várias questões contemporâneas. Quem são "Os Outros"? Refugiados? Imigrantes? E esses jovens forçados a irem à guerra? Em um diálogo, um alienígena didática e desnecessariamente explica por que invadiram a Terra: porque precisam daqui, e matar humanos é uma espécie de efeito colateral.
Quando o jovem capitão Ben (Nick Robinson) reclama, o Outro responde: "Vocês fazem a mesma coisa..." Ele poderia continuar dizendo, por exemplo, que os Estados Unidos invadem outros territórios em busca de petróleo, mas o diálogo é cortado, e uma ação qualquer, banal, esvazia o potencial da cena.
Aparentemente, o livro de Yancey consegue dar mais profundidade aos personagens e situações –sendo mais detalhista nas outras quatro ondas, que, aqui, se transformam em rápidos efeitos visuais ruins– criando uma certa empatia pelos personagens. Algo em falta na sua adaptação cinematográfica.
"A 5ª Onda" não consegue evitar os clichês que o transformam num primo pobre de "The Walking Dead" em alguns momentos, e um primo sem graça de "Jogos Vorazes", em outros.
Faltam-lhe personalidade e urgência. Blakeson faz deste um filme genérico com um final tolo –e gancho para possíveis continuações– afirmando que a humanidade é uma massa única unida pelos mesmo sentimentos.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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