SÃO PAULO (Reuters) - Um dos primeiros avisos sobre o novo “Bruxa de Blair” é que não se trata de uma refilmagem, mas sim de uma sequência aos acontecimentos de 1999, quando um trio de estudantes foi realizar um documentário sobre a lenda da bruxa em Maryland (EUA) e nunca mais voltou.
Sobraram apenas as filmagens de apavorantes momentos de histeria causados, possivelmente, pela tal maldição secular que existe na floresta de Black Hill.
Apresentado como real, o falso documentário foi um estrondoso sucesso no final da década de 1990 e marcou a volta desse gênero de terror (“found footage”), esquecido desde “Holocausto Canibal” (1979). Na época, Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, diretores e roteiristas estreantes, causaram furor, apesar de terem vendido os direitos da produção para a Artisan Entertainment.
A empresa não demorou muito, em 2000, para realizar a toque de caixa, “Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras”, à revelia do universo criado pela dupla ou de qualquer senso do ridículo.
Esquecido o vergonhoso segundo capítulo, estreia agora a sequência direta de 1999. Seguindo a estrutura narrativa do original, a nova produção mostra o irmão mais jovem de Heather (Heather Donahue, uma das primeiras vítimas), James (James Allen McCune) em busca da irmã, 15 anos depois.
Ele encontra na internet um vídeo postado por um tal de Dark666, que fora achado em VHS na floresta de Black Hills, em 2014, e acredita que sua irmã aparece nas filmagens. Apesar da descrença dos três amigos da James, que duvidam que a moça possa ter sobrevivido mais de uma década na floresta, o quarteto parte para uma nova expedição ao local, agora com aparelhos de geolocalização e gravação de última linha.
Lá, percebem que o Dark666 é, na verdade, o casal Lane (Wes Robinson) e Talia (Valorie Curry), que exigem a própria participação na incursão à floresta ou jamais saberão onde os vídeos recentes foram encontrados. Com o grupo formado, é hora de desvendar o segredo da maldição da Bruxa de Blair.
Por terem cedidos os direitos, Myrick e Sánchez aparecem no filme apenas como produtores, deixando a direção e roteiro para Adam Wingard e Simon Barrett, respectivamente, ambos dos medianos “Você é o Próximo” (2011) e “VHS” 1 e 2. Com a ajuda do diretor de fotografia, e amigo, Robby Baumgartner, conseguem criar a atmosfera necessária para que o filme tenha ritmo.
O novo projeto lembra o anterior não apenas na mitologia usada originalmente, mas pela acertada opção do que se pode chamar de acumulação, em que o cineasta joga cada vez mais carga de tensão no espectador, que passa a sentir o desconforto e a angústia dos personagens até o clímax. O trio de realizadores o faz com muita competência, levando os protagonistas, e a quem vê, ao suspense esperado.
Porém, é preciso dar resposta à crescente expectativa criada nos arcos iniciais da produção. O original apostava na subjetividade, incerteza e mistério. A sequência buscou outro caminho, que rivaliza com o que havia de melhor em “Bruxa de Blair” - mas não se diferencia em nada das inúmeras reproduções do gênero iniciadas com o sucesso retumbante do original.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)
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