SÃO PAULO (Reuters) - A comédia "Irmãs" não contraria a ideia de que Tina Fey e Amy Poehler são garantia de riso certo, mas coloca em dúvida essa certeza quando a dupla de comediantes de sucesso tem em mãos um material carente de maior desenvolvimento.
Ilustres ex-integrantes do programa televisivo "Saturday Night Live", as atrizes e roteiristas também chamaram a atenção ao apresentarem o Globo de Ouro por três anos seguidos – a premiação deste ano, já sem as duas, mostrou o quanto elas fazem falta.
O êxito na televisão lançou altas expectativas sobre a nova experiência conjunta delas no cinema, que são frustradas com um texto e uma premissa abaixo do esperado. Ainda mais por ter Paula Pell, veterana do time de criação do icônico humorístico da TV, à frente do script.
O novo longa de Jason Moore se apoia no modelo daqueles típicos filmes adolescentes em que uma festa sai totalmente do controle com um espírito absurdo da trilogia "Se Beber Não Case".
Maura (Amy Poehler) é a caçula responsável da família Ellis e enfermeira divorciada, enquanto Kate (Tina Fey), sua irmã mais velha, é uma mãe solteira que não consegue manter um emprego em qualquer salão de beleza.
Quando seus pais (James Brolin e Dianne Wiest), surpreendentemente, decidem pôr a casa onde as duas cresceram à venda, elas voltam a Orlando com a obrigação de limpar o antigo quarto delas, cuja decoração colorida dos anos 80, com direito a pôster do Michael J. Fox e de "Xanadu" (1980), é um espetáculo à parte.
No entanto, as irmãs decidem se lembrar dos bons momentos, promovendo uma grande festa de despedida da "Ellis Island", como chamavam seus agitados eventos caseiros juvenis – em referência à ilha nova-iorquina que recebia os imigrantes no início do século 20.
Se para a ocasião, Kate e Maura convidam vários de seus ex-colegas de escola, Fey e Poehler têm, além de Pell no texto, uma série de ex-parceiros e ainda membros do elenco do "Saturday Night Live" em cena, a exemplo de Maya Rudolph, que, na pele da invejosa Brenda, entrega falas impagáveis, de um famigerado perfume a citações de uma famosa série.
Um problema da produção é seu teor vulgar e escatológico, mais presente nas falas do que em ações, mas, quando aparece, é marcante, como na cena em que James (Ike Barinholtz), o vizinho e interesse romântico da caçula, tem um acidente com uma caixinha de música.
Por outro lado, há um frescor nas atuações de Amy e Tina, com esta última saindo do tipo neurótico pelo qual ficou marcada e trocando de papel com a outra, em relação ao que fizeram na parceria cinematográfica anterior, a comédia romântica "Uma Mãe Para o Meu Bebê" (2008), ou até em "Meninas Malvadas" (2004).
(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)
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