SÃO PAULO (Reuters) - Após um intervalo de cinco anos, “Kung Fu Panda 3” retoma a trilogia de animação com fôlego suficiente para se apresentar como um bom capítulo final. Com um apuro visual deslumbrante, o longa de Jennifer Yuh, que esteve à frente do filme anterior, e Alessandro Carloni, animador estreante como diretor, compensa suas fraquezas narrativas com um simpático humor, ainda que, às vezes, repetitivo.
Porém, este não é o fim para a franquia iniciada em 2008, que conta com especiais e desenhos animados na TV. O diretor-executivo da DreamWorks já afirmou que o estúdio planeja contar a saga do improvável Dragão Guerreiro em seis produções. Se a história do panda Po (voz de Lúcio Mauro Filho na dublagem brasileira e de Jack Black na original) ainda terá força para se sustentar em mais três aventuras é uma dúvida que só o tempo irá confirmar. Mas é certo que, aqui, ela garante um agradável entretenimento.
Com a rápida aparição do pai biológico do protagonista no final de “Kung Fu Panda 2” (2011), Li (Bryan Cranston na versão legendada) aparece no Vale da Paz neste terceiro capítulo, à procura de seu rebento. A sua chegada deixa o Sr. Ping (James Hong) ainda mais apegado ao filho adotivo, tornando a superproteção do ganso cozinheiro ao panda mais significativa e engraçada frente à nova figura paterna que surge.
No entanto, antes de tentar lidar com seus problemas familiares, o Dragão Guerreiro precisa cumprir a tarefa de Shifu (Dustin Hoffman) de se tornar um professor de kung fu. Ainda por cima, tem de enfrentar o terrível Kai (J.K. Simmons), ex-aprendiz do mestre Oogwai (Randall Duk Kim) que fora mandado para o Reino dos Espíritos pela sábia tartaruga, mas fugiu de lá para roubar o “chi” – força vital de cada ser que é fonte de poderes cada vez maiores – de vários mestres da arte marcial e dominar a Terra.
A trama só engrena a partir do segundo ato, com a chegada de Po à Vila Secreta dos Pandas, escondida entre altas montanhas. O motivo, embora possa ser parcialmente creditado aos habitantes de lá, particularmente aos fofos bebês pandas, se deve à funcionalidade do humor utilizado daí em diante.
O simplório roteiro de Jonathan Aibel e Glenn Berger, responsáveis pelos scripts dos anteriores, investe mais no lado cômico do que na aventura em si. Fora o protagonista, o desenvolvimento dos personagens é mínimo e os Cinco Furiosos – Tigresa (Angelina Jolie), Macaco (Jackie Chan), Louva-Deus (Seth Rogen), Víbora (Lucy Liu) e Garça (David Cross) – são relegados a escassas participações na história.
Com um elenco estelar, incluindo as vozes de quatro dos filhos de Angelina com Brad Pitt como os pequenos pandas, a animação continua voltada ao público infanto-juvenil, reforçando a moral da franquia de valorizar as habilidades de cada um e utilizá-las para o bem comum – sem almejar oferecer mais do que leves risadas para os pais e outros adultos. Os mais velhos poderão interessar-se pela riqueza visual da produção, quesito no qual a direção de Yuh e Carloni consegue um grande avanço, que supera o ótimo uso do 3D, fazendo valer a pena o ingresso.
(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)
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