SÃO PAULO (Reuters) - Quem poderia imaginar, em 2001, que o “muito, muito, muito bonito” modelo Derek Zoolander (Ben Stiller) seria uma espécie de pioneiro do Instagram com suas variadas expressões influenciando a “cara de pato” das selfies que inundam esta e outras redes sociais – muito menos que o empresário e apresentador Donald Trump, que faz uma rápida participação em “Zoolander, seria um pré-candidato à Presidência dos Estados Unidos?.
“Zoolander 2” não só tira proveito desse hiato de 14 anos entre os dois longas como fonte para a história que apresenta. Também faz graça disso e da cultura do instantâneo que está impregnada na sociedade contemporânea, especialmente em Hollywood.
Assim, um flashback de reportagens trazem à plateia os terríveis acontecimentos que teriam levado o modelo interpretado por Ben Stiller, que dirige e roteiriza o filme, a enviuvar, ficar separado de seu filho Derek Júnior (Cyrus Arnold) e virar um eremita no norte de Nova Jersey.
Um fantasma o retira do exílio, quando seu amigo Billy Zane vem convidar não só ele, mas também o seu parceiro de passarelas, o hippie e pansexual Hansel (Owen Wilson), a voltar ao mundo da moda em um desfile em Roma, realizado pelo designer hipster Don Atari (Kyle Mooney).
O retorno não ocorre como eles esperavam e a dupla de modelos logo se vê envolvida no caso dos assassinatos em série de várias celebridades, investigado pela agente Valentina (Penélope Cruz), da divisão fashion da Interpol. Além disto, o filho de Zoolander torna-se alvo da seita misteriosa e o maléfico estilista Mugatu (Will Farrell) parece estar envolvido.
Não faltam cantores pop, atores, modelos, estilistas e até um famoso astrofísico na longa lista de pontas na produção, na qual se destacam o roqueiro Sting com um papel decisivo, um sensível Kiefer Sutherland, um andrógino top model vivido por Benedict Cumberbatch e o esquadrão da moda em número ainda maior agora, cada vez mais não se levando a sério.
O roteiro escrito por Stiller em conjunto com Justin Theroux, que volta ao seu papel de DJ do mal, Nicholas Stoller, e John Hamburg, tem no humor referencial a base de seu texto.
Porém, é difícil evitar a impressão de que o longa parece uma esquete estendida, além da falta de aproveitamento de alguns personagens, como a paródia de Donatella Versace vista na Alexanya Atoz da sempre interessante Kristen Wigg.
Se o primeiro filme conseguia trabalhar tão bem a crítica à exploração do trabalho infantil, a sátira à busca pela juventude ostentada pela moda e por Hollywood não são tão efetivas aqui. Mantém-se, obviamente, o conteúdo sexual do anterior, mas de maneira debochada e, de algum modo, menos vulgar do que as comédias atuais.
(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)
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