SÃO PAULO (Reuters) - Veja um resumo dos principais filmes que estreiam no país na quinta-feira:
"A NOITE DO JOGO"
- Max (Jason Bateman) e Annie (Rachel McAdams) formam um casal perfeito, porque os dois são viciados em jogos, desde os de tabuleiros até charadas e mímica. Toda semana, recebem alguns amigos para partidas, nas quais perder não é uma opção para a dupla. A chegada de Brooks (Kyle Chandler), irmão do protagonista, transforma a brincadeira em algo mais arriscado e empolgante.
Brooks inova nos jogos. Voltou da Europa rico e contrata uma firma que encena sequestros e deixa pistas para que os demais jogadores encontrem a vítima e ganhem o prêmio. Porém, as coisas saem de controle quando o rapto acontece e pode não ser brincadeira.
O humor é bem-sucedido por levar a sério coisas impossíveis e transformá-las em algo cada vez mais absurdo. Bateman é conhecido por sua atuação em comédias, mas é McAdams quem rouba o show, como fez quando despontou em “Meninas Malvadas”.
"TODOS OS PAULOS DO MUNDO"
- É possível ler os movimentos de uma vida pelas palavras, atos, pensamentos. No caso do ator Paulo José, 81 anos, o mais simples é seguir as cenas de seus cerca de 50 filmes – aos quais se somam mais de 30 peças, 20 novelas e outro tanto de minisséries para a TV.
A partir de cenas de vários desses filmes, partindo do inaugural “O Padre e a Moça” (1965), o documentário “Todos os Paulos do Mundo”, de Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, compõe um impressionante e vivo mosaico da corporalidade desse ator que se emprestou a obras que percorreram o Cinema Novo (“Macunaíma” e “Todas as Mulheres do Mundo”) e todos os momentos seguintes no cinema brasileiro até agora.
Sem entrevistas ou depoimentos, as palavras, que são do próprio protagonista, são ouvidas de sua própria voz e de outros atores, como suas filhas Ana e Bel Kutner. Todos estes fragmentos encontram na tela uma surpreendente unidade.
Nem o desafio do mal de Parkinson, que o acomete há mais de 20 anos, foi capaz de detê-lo. O que perdeu em mobilidade e modulação da voz, ele compensa com uma energia sempre indomável. Este Paulo não poderia nunca ter nascido em nenhum outro lugar.
"ESPLENDOR"
- Premiado pelo júri ecumênico do festival de Cannes de 2017 e exibido na Mostra Internacional de São Paulo no mesmo ano, este singelo filme da diretora japonesa Naomi Kawase acompanha a relação delicada e conflituosa entre a jovem audiodescritora Misako (Ayame Misaki), empenhada em encontrar as palavras certas para descrever as cenas de filmes para plateias de deficientes visuais, e um fotógrafo, Masaya (Masatoshi Nagase), que já perdeu quase que completamente a visão. E de todos, Masaya é o mais crítico ao trabalho de Misako, de quem cobra rigor maior na escolha das palavras.
Para quem está prestes a perder a visão, a descrição de uma paisagem precisa ser rica e poética como a própria natureza. A diretora coloca frente a frente dois personagens que tem tudo para se completar: ele necessita da luz para enxergar, ela precisa encontrar as palavras certas para ajudá-lo a se mover na escuridão.
Tudo conspira para que ambos se aproximem e os sinais emitidos pelos demais sentidos de seus corpos são por demais evidentes. Mas não será fácil prosseguir nessa jornada entre luz e escuridão.
"DESEJO DE MATAR"
- Chega a ser injusto que esse filme tenha o mesmo nome do “clássico” de 1974 protagonizado por Charles Bronson, pois aqui tudo soa tão genérico que chamá-lo de remake chega a ser oportunismo. A história é mais ou menos a mesma, mas, nessas mais de quatro décadas, o tema foi tão copiado que se banalizou.
Bruce Willis assume o papel do vingador solitário que fará de tudo para um acerto de contas com os homens que mataram sua mulher (Elisabeth Shue) e deixaram a filha (Camila Morrone) em coma. De um médico pacífico, que não dá bola para provocações, a matador destemido é um passo no filme dirigido por Eli Roth.
Reacionário até a medula, “Desejo de Matar” funciona como mídia espontânea contra o controle de armas nos Estados Unidos e na defesa da justiça com as próprias mãos, quando o Estado parece não dar conta do combate à criminalidade sem ajuda externa.
"ACERTANDO OS PASSOS"
- Sabe aquelas comédias inglesas, de humor refinado, elenco afinado, que faz o espectador sair da sala de exibição com um sorriso no rosto? É esse o clima de “Acertando os Passos”, que narra as desventuras da aristocrática Sandra Abbott (Imelda Staunton), que descobre durante uma festa que seu marido, com quem é casada há 40 anos, tem um caso com sua melhor amiga.
Ao sair de casa para morar com a irmã (Celia Imrie), bem-humorada e completamente zen, Sandra encontra na dança de salão um estímulo para reorganizar a vida, convivendo agora com pessoas completamente diferentes de seu meio social.
O filme dirigido por Richard Loncraine tem um olhar carinhoso com a trupe, composta por homens e mulheres com mais de 60 anos, que enfrentam o envelhecimento com bom humor e solidariedade, artigos tão em falta no antigo mundo de Sandra.
(Por Neusa Barbosa, Alysson Oliveira e Luiz Vita, do Cineweb)
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