SÃO PAULO (Reuters) - Veja um resumo dos principais filmes que estreiam no país na quinta-feira:
"GRINGO - VIVO OU MORTO"
- Comédia de humor negro com altas doses de violência, “Gringo – Vivo ou Morto”, do australiano Nash Edgerton, reúne um elenco normalmente não muito lembrado para histórias cômicas – tendo a estrela sul-africana Charlize Theron como atriz e uma de suas produtoras.
Charlize não sai de seu registro de mulher fatal mas deita e rola em auto-ironizá-lo. Interpreta uma executiva inescrupulosa, Elaine Markinson, vice-presidente de uma empresa farmacêutica cujo carro-chefe é pílulas de maconha, que são produzidas numa fábrica no México.
A trama decola a partir de Chicago, sede da farmacêutica, cujo dono é o inescrupuloso Richard Rusk (Joel Edgerton). Ele e sua vice-presidente estão armando a venda da empresa, sem o conhecimento de seu fiel gerente, Harold Soyinka (David Oyelowo) – cuja esposa, Bonnie (Thandie Newton), gasta bem mais do que pode.
Preparando a venda da empresa, Richard e Elaine vão ao México, levando Harold consigo, para um contato com o gerente mexicano, Sánchez (Hernán Mendoza). Numa conversa privada com ele, sem Harold – que desconhece a real produção da filial mexicana -, os dois ordenam o corte do fornecimento de seu produto ao grande comprador local, o traficante Pantera Negra (Carlos Corona). Esta tentativa de rompimento com o chefão precipita uma série de confusões no México, onde Harold acaba ficando para trás – supostamente, como vítima de um sequestro.
"PAULO, APÓSTOLO DE CRISTO"
- Os últimos dias de vida do apóstolo Paulo, encarcerado numa prisão romana, acusado pelo imperador Nero de ter incendiado Roma, são revisitados pelo diretor Andrew Hyatt, também autor do roteiro, em “Paulo, Apóstolo de Cristo”. O drama oscila entre a humanização de um dos principais propagadores do cristianismo e a exaltação da fé cristã.
O filme é situado no ano 67 D.C., com Paulo (James Faulkner) preso e os cristãos perseguidos por patrulhas romanas, que se divertem incendiando seus corpos. Por ser romano, Paulo recebe melhor tratamento, enquanto espera o fim de seu processo, que poderá condená-lo à morte.
Com a ajuda de um guarda da prisão, Paulo recebe a visita de Lucas (Jim Caviezel), que leva suas mensagens para uma comunidade cristã que vive na clandestinidade. A comunidade está dividida entre enfrentar os romanos e resistir pacificamente, que é o desejo de Paulo, baseado nos ensinamentos de Cristo.
"OS FANTASMAS DE ISMAEL"
- Décadas depois do desaparecimento de sua mulher, o cineasta Ismael (Mathieu Amalric) reconstruiu sua vida como pode. Tem uma nova namorada, Sylvia (Charlotte Gainsbourg), e eventualmente visita o ex-sogro (László Szabó), quando este sofre uma crise emocional. O protagonista também trabalha no roteiro de um novo filme.
É nesse momento de sua vida que sua antiga mulher, Carlotta (Marion Cotillard), reaparece. E todos os personagens, como é de se imaginar quando se vê um fantasma, perdem a razão. A graça do longa, dirigido pelo francês Arnaud Desplechin, é que o filme enlouquece junto com eles.
O resultado deste enredo peculiar não é de fácil assimilação – e o objetivo aqui nem parece ser compreender, mas sim deixar-se levar por uma história de amor louco. É uma obra típica de Desplechin, para o bem e para o mal. Ou, seja, flerta o tempo todo com um certo caos, o que possivelmente não lhe trará novos fãs, mas deverá satisfazer seus admiradores.
"TEU MUNDO NÃO CABE NOS MEUS OLHOS"
- Em “Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos”, Edson Celulari é Vitório, um pizzaiolo cego desde a infância, dono de um dos estabelecimentos mais bem-sucedidos do Bixiga paulistano. Suas pizzas fazem sucesso porque ele é capaz de, como diz, “enxergar” dentro da massa.
Sua vida é tranquila até que sua mulher (Soledad Villamil) começa a insistir que ele passe por uma cirurgia e volte a enxergar. Apesar da relutância, depois de alguns incidentes, ele aceita. Se até aí o filme escrito e dirigido por Paulo Nascimento se sustentava meio que na corda bamba, a partir dessa virada perde-se completamente.
Nesse novo contexto, os personagens param de fazer o mínimo de sentido, com o comportamento de Vitório tornando-se cada vez mais incompreensível. Sua reação, por exemplo, ao ver pela primeira vez a mulher e filha (Giovana Echeverria) é, no mínimo, branda. Já a interpretação de Celulari parece um tanto mecânica, esvaziando os conflitos e nuances que o personagem poderia ter.
"VERDADE OU DESAFIO"
- Neste terror que visa o público jovem, um grupo de jovens americanos viaja para o México e participa de um jogo de Verdade ou Desafio com um desconhecido, numa igreja abandonada. Voltam para casa e a brincadeira continua com consequências mortais: se mentir ou não cumprir o desafio, a pessoa morre. A grande surpresa do filme é que se recorreu a quatro roteiristas para criar essa trama.
A produção resulta numa espécie de sub-“Premonição”, sem mortes tão elaboradas ou sinistras. O desafio está colocado mais para o público aguentar os 100 minutos do longa que não tem muita graça, sustos ou algo que cause realmente medo. Os personagens – interpretados por Lucy Hale e Tyler Posey, entre outros – também não oferecem maiores motivos para interesse.
(Por Neusa Barbosa, Luiz Vita e Alysson Oliveira, do Cineweb)
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