SÃO PAULO (Reuters) - Veja um resumo dos principais filmes que estreiam nos cinemas do país nesta quinta-feira:
"MÃE!"
- Depois de “Noé”, Darren Aronofsky volta aos temas bíblicos neste pesadelo barroco protagonizado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem, um casal cuja casa é constantemente invadida por desconhecidos que se recusam a sair. Os primeiros são interpretados por Ed Harris e Michelle Pfeiffer, que causam transtornos e situações inexplicáveis.
Com o tempo, outros também se instalam, atrapalhando, entre outras coisas, a concentração do Poeta interpretado por Bardem, que sofre de bloqueio criativo. Aos poucos, o caos toma conta da casa e da vida de todos, resultando em alegorias bíblicas e destruição.
Aronofsky, que também assina o roteiro, é criativo, mas nada sutil. O resultado é exagerado em seu retrato das histerias individual e coletiva em tempos de turbulência e incompreensão mútua. Jennifer, por sua vez, se esgoela até perder a voz e a sanidade, num filme em que ela merecia um pouco mais.
"O SEQUESTRO"
- Quinze anos depois de ter vencido o Oscar de melhor atriz em “A Última Ceia”, Halle Berry não consegue livrar-se de uma síndrome de filmes ruins. E, no caso de “O Sequestro”, ela não só protagoniza como também assina como produtora, ou seja, sua responsabilidade é ainda maior. A atriz interpreta uma garçonete em processo de divórcio cujo marido disputa a guarda do filho pequeno.
Para piorar, o menino logo desaparece, até que ela o encontra sendo colocado dentro de um carro sem placa. Segue-se uma longa perseguição, na qual a personagem tanto tenta salvar o filho quanto chamar a atenção da polícia, causando caos e destruição nessa tentativa.
Dirigido por Luis Prieto, boa parte do filme é uma espécie de “Encurralado” sem nenhum dos elementos que fizeram o filme de Steven Spielberg memorável. Mas também não é difícil imaginar porque a atriz se envolveu no projeto – o show é, ou deveria ser, apenas dessa mamãe-coragem.
"DIVÓRCIO"
- A química e o timing cômico de Camila Morgado e Murilo Benício são o que se destaca na comédia nacional “Divórcio”, de Pedro Amorim. É verdade que não há nada de novo no terreno do cômico, mas a dupla segura com dignidade um material que, nas mãos erradas, corria o risco de tornar-se insuportável.
Noeli (Camila) e Júlio (Benício) se amam e ele a rouba do altar antes de casar-se com outro, o que faz o pai dela (Antonio Petrin) romper relações. Anos depois, vendendo um molho de tomate, construíram um império. As filhas nasceram, mas o amor parece ter acabado, o que os leva a travar uma guerra pela disputa da empresa e da guarda das meninas.
O pano de fundo é a cultura country do interior de São Paulo, com um exibicionismo de novos ricos e a música sertaneja embalando as dores de amor do casal. O resultado é uma comédia que trabalha na chave da caricatura, forçando os sotaques e caracterizações, mas sem pesar demais na mão.
"O ASSASSINO: O PRIMEIRO ALVO"
- Baseado em livro de Vince Flynn, o filme apresenta um personagem que se parece com um Jack Ryan (de “Caçada ao Outubro Vermelho”, entre outros) para adolescentes do século 21. Protagonizado por um astro da televisão, Dylan O’Brien, da série “Teen Wolfe”, o longa conta as origens de Mitch Rapp, agente norte-americano de contraterrorismo.
O rapaz perde sua noiva morta por terroristas numa praia e promete se vingar. Em um ano e meio, aprende árabe, estuda o Alcorão e consegue se infiltrar numa célula, tamanha é sua obstinação. Seu exército de um homem só falha, mas é resgatado pelo governo dos EUA, que o transforma em agente treinado pelo veterano Stan Hurley (Michael Keaton).
Além de introduzir Rapp, o filme dirigido por Michael Cuesta, ainda encontra tempo para escalá-lo em sua primeira missão, envolvendo uma bomba atômica caseira e um ex-membro do esquadrão antiterrorista (Taylor Kitsch).
"RODIN"
- Cinebiografia reverente, “Rodin”, do veterano Jacques Doillon, conta como seu maior trunfo com um protagonista, Vincent Lindon, que tem total afinidade, inclusive física, com o papel de um dos maiores escultores de todos os tempos, Auguste Rodin (1840-1917). O filme concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2017.
O tom solene se instala na escolha do diretor e roteirista de compor sua história com uma excessiva preocupação em citar obras do próprio Rodin – como A Porta do Inferno, Os Burgueses de Calais e uma polêmica estátua do escritor Honoré de Balzac –, dedicando-se a explorar minuciosamente seus processos de composição, além da incompreensão de que foram objeto na época de sua criação.
A verossimilhança dos cenários é garantida por uma filmagem que contou com a parceria do Museu Rodin de Paris, o que soma um peso documental mas não compensa a ausência de uma abordagem mais original, que realmente lançasse luz sobre a figura humana do escultor e, especialmente, sobre sua conturbada relação com sua aluna, Camille Claudel (Izïa Hégelin).
(Por Alysson Oliveira e Neusa Barbosa, do Cineweb)
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