ESTREIA–Kevin Spacey estrela comédia “Virei um Gato”

Publicado 07.09.2016, 15:25
Atualizado 07.09.2016, 15:30
© Reuters. Kevin Spacey recebe premiação por "House of Cards" em Los Angeles

SÃO PAULO (Reuters) - O ator Kevin Spacey tira férias do papel de político vilão da série “House of Cards”, Frank Underwood, para literalmente entrar na pele de um gato na comédia “Virei um Gato”.

Antes de isso acontecer, o empresário Tom Brand (Spacey) certamente não tinha nada de bonzinho – qualquer semelhança, aliás, com o candidato presidencial Donald Trump não seria mera coincidência, já que se trata de um bilionário enriquecido com um império imobiliário, conhecido pela agressividade verbal e projetos mirabolantes, no caso aqui construir a mais alta torre do Hemisfério Norte.

Tal como Underwood, Brand é implacável. Por isso, anda negligenciando sua segunda mulher, Lara (Jennifer Garner), e a filha Rebecca (Malina Weissman). Carente de atenção, a menina quer um gato de estimação de presente de aniversário. Embora deteste gatos, Brand atende ao pedido da filha e acaba numa lojinha misteriosa, dirigida por Felix Perkins (Christopher Walken).

Há algo mágico na atmosfera desta loja e fica claro que ali começa uma aventura imprevisível para o empresário controlador. Quando ele decide, a caminho de casa e da festa da filha, dar uma paradinha no arranha-céu em finalização, sabe-se que algo fora do normal vai acontecer. No topo do prédio, uma tempestade de raios provoca um acidente – Brand fica em coma e seu espírito entra no corpo do gatinho.

Ninguém sabe disso, nem pode entender o que ele diz – exceto o dono da loja onde foi comprado o animal. E Felix está empenhado em convencer Brand de que ele não vai voltar ao seu corpo tão facilmente – não é algo que todo seu dinheiro possa comprar.

Enquanto o empresário está fora de combate, seu ambicioso assistente, Ian Cox (Mark Consuelos), bota as asinhas de fora e assume o comando da empresa, encaminhando sua venda. No corpo do gato, não resta nada mais a Brand do que vestir as sandálias da humildade, conformando-se com a comida molenga enlatada, de aparência horrível, e usar a caixa de areia sanitária para suas necessidades.

Nos intervalos, o gatinho bem que tenta manter alguns de seus confortos, fazendo uma ginástica extraordinária para alcançar seu uísque envelhecido no armário – uma das muitas sequências produzidas por efeitos especiais que tentam tornar o filme mais movimentado e engraçado.

Verdade que há muitas gracinhas ao longo do caminho destinadas a seduzir os donos de gatos – algumas, só eles apreciarão. Porque, no todo, o filme dirigido por Barry Sonnenfeld (“Família Addams”, “Homens de Preto”) é mais uma sátira que tem no centro um protagonista detestável, egoísta, mandão e truculento. A vida de gato de estimação é um “castigo” até muito abaixo do que merece, embora seja a sua chance de enxergar os efeitos de sua ausência emocional na vida da mulher e da filha.

As aparições de Christopher Walken, no entanto, compensam – no papel de um homem meio bruxo, ele é o único que pode entender o que o gato diz e explica as regras, impondo limites a um homem que nunca soube o que era isso. Ou seja, é sua única oportunidade de tornar-se realmente humano.

© Reuters. Kevin Spacey recebe premiação por "House of Cards" em Los Angeles

Se a ideia central do enredo não é má, ela é bastante engessada pelo fato de que gatos, afinal, são animais fascinantes, mas não muito treináveis. Daí o filme depende demais do CGI, que materializa façanhas impensáveis, como a entrada e saída do gato do prédio em que mora e seus eventuais “voos”.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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