🧐 ProPicks IA de Outubro está agora atualizada! Veja a lista completa de açõesAções escolhidas por IA

ESTREIA–Premiado francês “A Corte” combina drama de tribunal e romance

Publicado 10.08.2016, 18:19
© Reuters. Ator Fabrice Luchini

SÃO PAULO (Reuters) - Michel Racine (Fabrice Luchini) é um juiz linha-dura, apelidado de “Dois dígitos”, porque suas sentenças nunca são menores do que 10 anos. Ele começaria só mais um caso em sua carreira – o de um pai acusado de matar a filha – se, entre os jurados, não estivesse uma mulher por quem foi apaixonado. Ela é a médica Ditte (Sidse Babett Knudsen).

Escrito e dirigido por Christian Vincent (“Os Sabores do Palácio”), “A Corte” é um delicado estudo sobre medos privados em lugares públicos em torno de um juiz que sofre por amor quando o júri se retira para deliberar.

Racine está em meio a uma crise – separou-se da mulher (numa participação luminosa da atriz rohmeriana Marie Rivière), mora num hotel e está com uma gripe pesadíssima, o que o obriga a usar uma série de remédios. Tudo muda quando Ditte é sorteada na corte como suplente do júri.

A grande sacada de Vincent é realizar um filme que transita entre um drama de tribunal convencional e o retrato de um romance reprimido – é praticamente uma mistura de “12 homens e uma sentença” e o clássico romântico inglês “Desencanto” filtrada pela sensibilidade francesa. O melhor é que a combinação funciona por causa de um elemento que une os dois gêneros dentro de “A Corte”: o interesse humano.

O drama de tribunal garantiria um filme em si. Jovem (Victor Pontecorvo) é acusado de chutar sua filha bebê causando sua morte, num momento em que a mãe (Candy Ming) não estava em casa. O rapaz se recusa a cooperar e, aconselhado por seus advogados, apenas repete que é inocente durante o interrogatório. É uma trama extremamente pesada que começa com um ar quase banal. E o que se torna ainda mais agravante é o fato de o filme ser narrado sob a ótica do juiz.

Nos intervalos, porém, Racine se aproxima de Ditte – “não é proibido, mas também não é aconselhável”, diz ele quando ela pergunta se não há problemas. Existe uma chama ainda de um romance truncado quando ela cuidou dele no hospital após um acidente. Ela é mais prudente do que ele, que parece não cruzar a linha do decoro apenas porque ela se esquiva.

À medida que o filme avança, a trama do julgamento ganha camadas. Novos depoimentos e evidências podem indicar reviravoltas. Já o romance, no entanto, segue contido. O quase desinteresse de Racine na história do pai que pode ter matado sua filha e seu fascínio pela jurada materializam a dissonância causada pelo homem privado se sobrepondo ao público.

Vincent encontra um equilíbrio entre as duas tramas a ponto de ambas despertarem interesse. Muito disso deve-se ao trabalho dos atores – desde a dupla central até os companheiros de Ditte no júri, que, por sua vez, criam um painel variado de tipos humanos numa França contemporânea e multicultural. Luchini foi premiado no Festival de Veneza (assim como o roteiro do filme), e a dinamarquesa Sidse, com o César de atriz coadjuvante. É graças às interpretações inspiradas deles que o filme não cai num limbo de clichês.

© Reuters. Ator Fabrice Luchini

Por fim, o título original “L'hermine”, que se traduz como “O Arminho” refere-se à gola de pele que o juiz usa – um símbolo um tanto antiquado, mas que, como ele mesmo admite, confere-lhe uma sensação de poder. Já o título nacional, “A Corte”, retrata uma bem-sacada duplicidade presente no filme: a corte onde o julgamento acontece, mas também pode se referir ao jogo de sedução entre Racine e Ditte.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.