SÃO PAULO (Reuters) - Baseado no best-seller homônimo da autora australiana M. L. Stedman, que estourou logo em seu primeiro romance, e escalando o par mais badalado do mundo depois da separação de Brad Pitt e Angelina Jolie, o alemão-irlandês Michael Fassbender e a sueca Alicia Vikander, “A Luz entre Oceanos” nasce calcado em boas premissas para ser o sucesso romântico da temporada.
Namorados na vida real durante as filmagens, Michael e Alicia dão vida na tela com naturalidade ao casal Tom e Isabel Sherbourne. Os dois se conhecem em 1919, quando Tom volta, traumatizado, da Primeira Guerra Mundial e decide purgar suas dores e fantasmas interiores aceitando o posto de faroleiro em uma remota e pequena ilha australiana, Janus Rock.
Ainda que o trabalho implique um quase total isolamento, este é rompido por breves visitas de Tom à cidade mais próxima, onde mora Isabel, que perdeu seus dois irmãos na guerra. Afinidades como essa os aproximam e eles se casam, construindo na ilhota um pequeno reino cheio de felicidade, apesar do clima inóspito e da distância de outras pessoas.
O primeiro drama surge quando, grávida do primeiro filho, Isabel sofre um aborto. Algum tempo se passa até que os dois se disponham a uma nova tentativa de ter um bebê, mais uma vez interrompida tragicamente.
Um acaso coloca uma criança no seu caminho, quando chega à ilha um bote à deriva, carregando um homem morto e um bebê, este vivo e esfomeado. Descarregando nesta pequena órfã todo seu amor maternal represado, usando nela as roupas que comprara para o seu próprio filho, Isabel enxerga no incidente a solução para sua tragédia. E convence o relutante Tom a fazer parte de uma mentira, que implica em dizer que a menina é sua filha natural e fazendo-o enterrar na ilha o corpo do desconhecido, sem nada reportar.
Uma trágica virada os espera quando, tempos depois, descobrem que sua pequena Lucy é, na verdade, a filha perdida de Hannah Potts Roennfeldt (Rachel Weisz), cujo marido, um alemão, estava desaparecido, junto com seu bebê, Grace, ao fugir da investida de intolerantes, algo que ocorria com certa frequência contra alemães após a Primeira Guerra.
Consumido pela culpa e dividido na lealdade à mulher, Tom termina precipitando uma mudança nos destinos de todos, que oferece ao filme a oportunidade de construir uma densidade dramática mais consistente, no roteiro assinado pelo diretor norte-americano Derek Cianfrance.
Conhecido pelo romance disfuncional “Namorados para Sempre” (2010), Cianfrance está à vontade numa história em que o romantismo, mais extensivo aqui, é desafiado por seu contexto e escolhas éticas mais agudas. Tudo isso e mais as interpretações seguras do trio Fassbender-Vikander-Weisz sustentam o interesse num filme altamente atraente e bem-feito, que navega bem no desafio de não se tornar um mero mar de lágrimas.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
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