SÃO PAULO (Reuters) - Depois de dar sinais de amadurecimento em seu filme anterior, “Mommy”, que venceu um Prêmio do Júri em Cannes 2014, o jovem diretor canadense Xavier Dolan deu alguns passos atrás e recaiu no excessivo e vazio no drama “É Apenas o Fim do Mundo”.
Baseado numa peça de teatro de Jean-Luc Lagarce, Dolan compõe a crônica histérica de uma família disfuncional, à qual volta, depois de 12 anos de afastamento, o escritor Louis (Gaspard Ulliel). A intenção dele é contar à família que está morrendo, de uma doença que o filme não esclarece.
O grande foco da história está na falta de comunicação de um clã em constante ataque de nervos, formado pela mãe de Louis, Martine (Nathalie Baye, quase irreconhecível com um cabelo preto de Morticia Adams e unhas azuis), seus filhos Antoine (Vincent Cassel) e Suzanne (Léa Seydoux), e a mulher de Antoine, Catherine (Marion Cotillard).
Na ampla casa burguesa, prepara-se um grande almoço para o filho pródigo retornado. Perturbando o clima de festa, as discussões se sucedem, por motivos gratuitos que expõem a falta de afinidade, afeto, respeito, interesse mútuo.
“É Apenas o Fim do Mundo” é um filme que se pretende ácido, ferino, mas em que muito se põe a perder pela mão barroca deste jovem diretor egocêntrico, amante dos momentos videoclipe. Há muito exagero e irritação, mas falta respiração à história, apesar de tantos bons atores.
Apesar disso, o filme também foi premiado em Cannes, dividindo o Grande Prêmio do Júri de 2016 com o romeno “Baccalauréat”, de Cristian Mungiu, ainda inédito no Brasil.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
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