Por Joseph Ax
PRINCETON (Reuters) - Quando o estudante de pós-graduação da Universidade de Princeton, Xiyue Wang, chegou ao Irã para conduzir sua pesquisa para um doutorado em história, ele já havia passado anos vivendo e trabalhando em países politicamente turbulentos.
O cidadão norte-americano nascido na China já havia trabalhado anteriormente como tradutor de pashto --língua oficial do Afeganistão-- para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Afeganistão e passado tempo no Uzbequistão enquanto estudante da Universidade de Harvard.
Wang, 37, foi sentenciado a 10 anos de prisão por acusações de espionagem após sua detenção no verão passado, disse um porta-voz do Judiciário iraniano no domingo. Ele é o mais recente cidadão norte-americano a enfrentar prisão no Irã pelo que o Departamento de Estado dos Estados Unidos denunciaram repetidamente como acusações fabricadas.
Sua sentença chocou seus colegas em Princeton, que o descreveram em entrevistas como quieto, mas estudioso, cuja curiosidade intelectual se destacava mesmo entre os estudantes de pós-graduação da escola de elite de New Jersey.
Wang é casado e tem um filho. Além de pashto, inglês e sua língua nativa, o mandarim, Wang também é proficiente em russo e turco e estava aprendendo persa no Irã.
O presidente da Universidade, Chris Eisgruber, disse em carta à escola na segunda-feira que Princeton e a família de Wang mantiveram sua prisão confidencial por recomendação de conselheiros dentro e fora do governo.
"Publicamente pode ser danoso ao interesse de nossos alunos", disse Eisgruber. "Esperamos que as autoridades de apelação olhem de maneira misericordiosa para ele."
Eisgruber descreveu Wang como um "acadêmico genuíno, marido devoto e pai atencioso."
Wang, estudante de história de Princeton desde 2013, estava realizando trabalho de campo para sua dissertação, que foca em como as regiões predominantemente muçulmanas são governadas.
O Irã o acusou de escanear 4.500 páginas de documentos digitais. Seu orientador acadêmico, professor Stephen Kotkin, e colegas de pós-graduação disseram em entrevistas que escanear documentos históricos --os que Wang estava estudando tinham um século, disse Kotkin-- para revisão posterior é prática comum entre pesquisadores.