Por Tim Kelly
TÓQUIO (Reuters) - Os militares dos Estados Unidos ajudarão o Japão a monitorar incursões chinesas "inéditas" perto de ilhas do Mar do Leste da China controladas pelo governo japonês, mas reivindicadas por Pequim, à medida que barcos chineses se preparam para começar a pescar em águas próximas, disse nesta quarta-feira o comandante das forças norte-americanas no Japão.
"Os Estados Unidos estão 100 por cento absolutamente determinados em seu compromisso de ajudar o governo do Japão com a situação", disse o tenente-general Kevin Schneider durante uma coletiva de imprensa virtual.
"Eles (barcos chineses) entram e saem duas vezes por mês, e agora estamos vendo-os basicamente estacionarem e realmente desafiarem o governo do Japão", acrescentou.
Os comentários de Schneider ocorrem no momento em que ele e outros comandantes de alta patente dos EUA criticam a China por forçar reivindicações territoriais na Ásia em meio à pandemia de coronavírus e a uma deterioração aguda nas relações entre EUA e China.
Na crise mais recente, Pequim fechou o consulado norte-americano de Chengdu, cidade do sudoeste chinês, nesta semana, em retaliação pelo fechamento de seu consulado em Houston, no Texas.
A China reagiu dentro de uma hora aos comentários de Schneider, que também descreveu as ações chinesas como "agressivas e malignas". O Ministério das Relações Exteriores chinês disse que as ilhas são território chinês e pediu que "todas as partes preservem a estabilidade na região".
A disputa sobre as ilhas do Mar do Leste da China, conhecidas como Senkaku no Japão e Diaoyu na China, se prolonga há anos. Os EUA são neutros quanto à questão da soberania, mas prometeram ajudar o Japão a defendê-las de ataques.
A China provavelmente suspenderá uma proibição de pesca no Mar do Leste da China por volta de 15 de agosto, permitindo que uma grande frota de traineiras apoiada por uma milícia marítima, a Guarda Costeira e a Marinha chinesas pesque nos arredores das ilhas contestadas, disse Schneider.
O Japão abriga a maior concentração de forças norte-americanas na Ásia, incluindo um grupo de ataque de um porta-aviões, esquadrões de caças e uma força anfíbia instalada em Okinawa. Ainda há cerca de 50 mil militares com seus familiares em solo japonês.
Estas tropas estão operando com restrições, inclusive de viagens e de grandes aglomerações, devido aos surtos de coronavírus em algumas bases.
Schneider disse que havia 139 casos ativos de coronavírus nesta quarta-feira.