Por Michelle Nichols
DJAMENA (Reuters) - Os Estados Unidos estão impondo sanções ao vice-líder das Forças de Apoio Rápido do Sudão (RSF, na sigla em inglês) por causa de abusos de direitos humanos por parte da unidade paramilitar, anunciou o enviado do país à Organização das Nações Unidas (ONU) durante uma viagem à fronteira do Chade com o Sudão nesta quarta-feira.
A medida para atingir Abdelrahim Dagalo -- irmão do comandante da RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti -- é o uso de sanções de maior visibilidade desde o início do conflito entre a RSF e o Exército sudanês, em meados de abril, e uma aparente resposta à dramática violência observada em Darfur Ocidental, que a RSF é acusada de perpetrar juntamente com milícias aliadas.
A RSF negou as acusações de monitores do conflito, grupos de direitos humanos e testemunhas de que está por trás da violência, ao mesmo tempo em que afirmou que qualquer um de seus soldados envolvidos será levado à justiça.
Dagalo é o primeiro oficial de ambos os lados do conflito a ser sancionado desde o início dos confrontos. Sanções anteriores, impostas a empresas, também tiveram como alvo o Exército.
"Hoje, os Estados Unidos estão tomando medidas para responsabilizar os maus atores", disse a repórteres a enviada dos Estados Unidos Linda Thomas-Greenfield.
Dagalo está sendo alvo "por sua ligação com os abusos cometidos pela RSF contra civis no Sudão, incluindo violência sexual relacionada a conflitos e assassinatos baseados em etnia", disse Thomas-Greenfield.
Em uma declaração, o Departamento do Tesouro acusou os membros da RSF de terem se envolvido em "atos de violência e abusos de direitos humanos, incluindo o massacre de civis, assassinatos étnicos e uso de violência sexual"
Desde que a guerra eclodiu no Sudão, em 15 de abril, a RSF e as milícias aliadas têm sido acusadas, com credibilidade, de extensas violações de direitos humanos em Darfur e em outros lugares, acrescentou o Tesouro.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em uma declaração separada, disse que Washington também proibiu o general da RSF e comandante do setor de Darfur Ocidental, Abdul Rahman Juma, de entrar no país por causa de seu envolvimento em uma violação grave dos direitos humanos.
As medidas dos Estados Unidos congelam todos os bens mantidos por Abdelrahim Dagalo no país e impedem que cidadãos norte-americanos façam negócios com ele.
A RSF há muito tempo cultiva seus laços estrangeiros mais estreitos com os Emirados Árabes Unidos e a Rússia.
Uma investigação da Reuters em 2019 mostrou que Abdelrahim Dagalo estava listado como proprietário da Algunade, uma empresa de mineração de ouro que foi sancionada.
(Reportagem adicional Nafisa Eltahir e Daphne Psaledakis)