Por Sarah N. Lynch e Luc Cohen
WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou nesta sexta-feira as acusações criminais contra quatro empresas chinesas de fabricação de produtos químicos e oito indivíduos acusados de terem supostamente traficado ilegalmente produtos químicos usados para produzir fentanil -- analgésico altamente viciante que alimentou a crise de opioides no país.
As acusações marcam a primeira vez que os Estados Unidos tentam processar qualquer uma das empresas chinesas responsáveis pela fabricação dos precursores químicos usados para fabricar o analgésico.
No início desta semana, Antony Blinken fez a primeira visita à China de um secretário de Estado norte-americano em cinco anos e disse ter deixado claro que os Estados Unidos precisam de uma cooperação muito maior dos chineses para conter o fluxo de fentanil.
As empresas no centro das três acusações são acusadas de vender precursores químicos para o Cartel de Sinaloa no México, que por sua vez inundou os Estados Unidos com a droga.
O caso ocorre dois meses após o Departamento de Justiça acusar os líderes do cartel de conduzir uma operação de tráfico de fentanil alimentada por empresas químicas chinesas, incluindo três filhos de Joaquin "El Chapo" Guzman, ex-líder do Cartel de Sinaloa agora preso nos Estados Unidos.
Os promotores federais de Manhattan anunciaram a abertura de uma acusação contra a empresa química chinesa Hubei Amarvel Biotech, junto com seus executivos Qingzhou Wang, de 35 anos, Yiyi Chen, 31 anos, e Fnu Lnu, também conhecido como Er Yang, por tráfico de fentanil, importação de produtos químicos precursores e crimes de lavagem de dinheiro.
Fontes disfarçadas da Administração Antidrogas (DEA, na sigla em inglês), passando-se por compradores, reuniram-se com Wang e Chen no início deste ano e concordaram em comprar 210 quilos de precursores de fentanil em troca de pagamento em criptomoeda, disseram as autoridades. A DEA recuperou os produtos químicos de um depósito de Los Angeles em maio.
Wang e Chen foram presos pelos agentes federais da agência federal em 8 de junho e detidos por determinação de um juiz federal em Honolulu, Havaí, em 9 de junho, até que possam ser levados para Nova York para comparecer perante o juiz responsável pelo caso. Yang continua foragido.
Enquanto isso, no Distrito Leste de Nova York, os promotores anunciaram a abertura de mais duas acusações contra três outras empresas chinesas e indivíduos acusados de conspirar para fabricar e distribuir fentanil nos Estados Unidos.
Os promotores disseram que as empresas -- incluindo uma chamada Hebei Sinaloa Trading Co -- anunciaram produtos químicos precursores em plataformas de mídia social no México e nos Estados Unidos e usaram formulários alfandegários falsos e embalagens com rótulos incorretos para enviar os produtos químicos por vias marítima e aérea.
(Reportagem adicional de David Brunnstrom)