Por Robin Emmott
BRUXELAS (Reuters) - Os Estados Unidos deram à Rússia um ultimato de 60 dias nesta terça-feira para esclarecer o que Washington considera uma violação de um tratado de controle de armas nucleares que mantém a Europa livre de mísseis.
Aliados da Otan liderados pela Alemanha pressionaram o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, em uma reunião em Bruxelas para dar à diplomacia uma última chance antes que Washington se retire do Tratado de Forças Nucleares de de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), de 1987, temendo uma nova corrida armamentista na Europa.
Por sua vez, os ministros de Relações Exteriores da Otan concordaram em declarar formalmente a Rússia em "violação material" do tratado INF, em um comunicado em apoio aos Estados Unidos.
A Rússia nega qualquer desenvolvimento deste tipo de mísseis terrestres de cruzeiro, de alcance intermediário, capazes de transportar ogivas nucleares e atingir rapidamente cidades europeias.
Embora o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, tenha dito que agora haverá uma intensa mobilização diplomática para tentar convencer a Rússia a desistir do que Pompeo disse serem "múltiplos batalhões dos mísseis SSC-8", Washington deve se retirar em fevereiro.
"Seu alcance os torna uma ameaça direta à Europa", disse Pompeo sobre os mísseis, que também são chamados de Novator 9M729, depois de uma reunião com seus colegas da Otan. Ele acrescentou que as ações da Rússia "prejudicam muito a segurança nacional dos EUA e de nossos aliados".
Pompeo afirmou que o governo norte-americano levantou a questão pelo menos 30 vezes desde 2013 com Moscou, mas encarou, segundo ele, negações e contra-ações.
"À luz destes fatos, os Estados Unidos declaram a Rússia em violação material do tratado e suspenderemos nossas obrigações ... em 60 dias, a menos que a Rússia retorne ao cumprimento total e verificável", declarou Pompeo.
Ele sinalizou que Washington será forçado a restaurar o equilíbrio militar na Europa depois desse período, mas se recusou a dar mais detalhes, dizendo apenas que os testes e implantações de novos mísseis estão suspensos até então.
Alemanha, Holanda e Bélgica estão preocupadas com a instalação de mísseis norte-americanos na Europa, como aconteceu nos anos 1980.
O tratado INF, negociado pelo então presidente Ronald Reagan e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev e ratificado pelo Senado dos EUA, eliminou os arsenais de mísseis de médio alcance das duas maiores potências nucleares do mundo e reduziu suas capacidades de lançarem um ataque nuclear a curto prazo.
Os mísseis US Cruise e Pershing implantados no Reino Unido e na Alemanha Ocidental foram removidos como resultado do tratado, enquanto a União Soviética retirou seus SS-20s de alcance europeu.