Por Julia Harte e Nate Raymond
WASHINGTON (Reuters) - Promotores norte-americanos se preparam para apresentar acusações de tráfico de drogas contra o chefe da Guarda Nacional da Venezuela, de acordo com pessoas que acompanham o caso, no momento em que os Estados Unidos investigam o suposto envolvimento de importantes autoridades venezuelanas no comércio de cocaína.
Néstor Reverol, ex-chefe da agência antidrogas da Venezuela e aliado de longa data do líder socialista morto Hugo Chávez, é citado num indiciamento pendente na corte federal no Brooklyn, em Nova York, de acordo com as fontes. Ele seria uma das altas autoridades venezuelanas e a única ainda na administração do país a ser acusado pelos EUA de ligações com drogas.
Reverol, que comanda a seção das Forças Armadas venezuelanas responsável pelas fronteiras do país, não foi encontrado pela Reuters para comentar as informações.
Nos últimos anos, ele tem rejeitado as acusações dos EUA de que a Venezuela fracassou na repressão de remessas de drogas ilícitas e tem divulgado o sucesso do governo em conter o fluxo de cocaína da vizinha Colômbia.
Contatada, a Guarda Nacional não quis comentar as informações. O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu a um e-mail enviado.
Não está claro quais são as acusações específicas contra Reverol, ou quando elas serão tornadas públicas.
Promotores norte-americanos divulgaram indiciamentos contra pelo menos cinco ex-autoridades venezuelanas devido ao tráfico de drogas nos últimos quatro anos, segundo registros judiciais.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classifica as acusações como uma campanha da direita internacional para atingir o socialismo venezuelano.
O seu Partido Socialista diz que os esforços contra as drogas avançaram desde que a Venezuela expulsou a Agência Antidrogas dos Estados Unidos em 2005.
Líderes de oposição na Venezuela há anos acusam autoridades do governo de omissão ou envolvimento no comércio de drogas.
O Departamento de Estado norte-americano afirmou no seu relatório anual sobre drogas que a Venezuela se tornou uma das principais rotas de trânsito de drogas ilegais que saem da América do Sul devido à fronteira porosa do país com a Colômbia e ao seu "sistema judicial fraco, cooperação internacional esporádica contra as drogas, e um ambiente corrupto e permissivo".