Por Steve Scherer
LUCCA, ITÁLIA (Reuters) - A Rússia deveria abandonar o apoio ao presidente sírio, Bashar al-Assad, devido ao uso recorrente de armas químicas e se unir aos Estados Unidos para delinear um futuro pacífico para a Síria, disse o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, nesta terça-feira.
Os comentários de Tillerson vieram a público uma hora antes de ele viajar a Moscou e depois de uma cúpula do G7, grupo das sete maiores potências globais, na Itália, na qual se reuniu com seu homólogo russo.
Desde 2015 o presidente da Rússia, Vladimir Putin, é o principal apoiador internacional de Assad na guerra civil brutal que se arrasta há seis anos. Na semana passada, Washington reagiu a um ataque químico que matou dezenas de pessoas, inclusive crianças, com um ataque de mísseis contra uma base aérea síria.
"A Rússia se alinhou ao regime de Assad, aos iranianos e ao Hezbollah. Será que esta é uma aliança de longo prazo que serve aos interesses da Rússia?", questionou Tillerson diante dos repórteres em Lucca, na Itália, classificando o uso de gás nervoso como um ato de "barbárie".
"Esperamos que o governo russo conclua que se alinhou a um parceiro, Bashar al-Assad, que não é confiável... está claro para nós que o reinado da família Assad está chegando ao fim", acrescentou.
Tillerson irá enfrentar seu maior desafio até o momento como principal diplomata de Washington quando estiver em Moscou.
Os aliados de Assad responderam de maneira contundente. No domingo um centro de comando conjunto composto pelas forças da Rússia e do Irã e milícias que apoiam o líder sírio disseram que a ação militar norte-americana cruzou "linhas vermelhas" e que irão reagir a qualquer nova agressão e aumentar seu apoio a Damasco.
Embora a mensagem de Tillerson seja semelhante à que foi defendida durante anos pelo ex-presidente Barack Obama, os disparos de mísseis da semana passada marcaram a primeira vez em que os EUA visaram diretamente os militares de Assad.
Tillerson disse que a Rússia fracassou como fiadora do acordo de 2013 que deveria ter acabado com o arsenal sírio de armas químicas, que continua sendo uma ameaça em meio às "condições caóticas no território da Síria".
"Nós não queremos que o arsenal de armas químicas descontrolado do regime caia nas mãos do Isis (Estado Islâmico) ou outros grupos terroristas que poderiam e querem atacar os EUA ou nossos aliados", afirmou Tillerson.
Os EUA vêm realizando ataques aéreos contra militantes do Estado Islâmico na região desde 2014, e Tillerson repetiu que destruir a facção ainda é a maior prioridade de Washington.