Por Andrew Mills
DOHA (Reuters) - Um avião do Catar aguardava no Irã nesta segunda-feira para levar cinco prisioneiros norte-americanos em uma troca por cinco iranianos detidos nos Estados Unidos, graças a um acordo mediado por Doha que também descongelou 6 bilhões de dólares em fundos iranianos.
Irã e Estados Unidos foram informados de que os recursos haviam sido transferidos para contas no Catar, disse uma fonte informada sobre o assunto à Reuters. Isso desencadeou uma sequência de trocas acordada após meses de conversações entre os arqui-inimigos, que estão em desacordo sobre as ambições nucleares de Teerã e uma série de outras questões.
"Uma aeronave do Catar está de prontidão no Irã, esperando para levar cinco cidadãos dos EUA que serão libertados em breve e dois parentes para Doha na manhã de segunda-feira", afirmou a fonte.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã Nasser Kanaani disse que os fundos, bloqueados na Coreia do Sul depois que as sanções dos EUA ao Irã foram endurecidas em 2018, estariam disponíveis para Teerã na segunda-feira. Segundo o acordo, o Catar garantirá que o dinheiro seja gasto em bens humanitários.
Não houve nenhum comentário público imediato dos EUA.
Espera-se que os cinco norte-americanos com dupla nacionalidade voem de Doha para os Estados Unidos. Em troca, cinco iranianos detidos nos EUA serão libertados.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã disse que dois iranianos retornariam ao Irã, enquanto dois permaneceriam nos EUA a pedido deles. Um detento se juntaria à sua família em um terceiro país, acrescentou.
O acordo eliminará uma grande irritação entre os EUA, que considera Teerã um Estado patrocinador do terrorismo, e o Irã, que chama Washington de "Grande Satã".
Mas eles continuam profundamente divididos em outras questões, desde o programa nuclear do Irã e sua influência na região até sanções dos EUA e a presença militar norte-americana no Golfo.
O Catar, um pequeno, mas extremamente rico produtor de energia do Golfo Árabe, tem procurado aumentar seu perfil global, sediando a Copa do Mundo de futebol no ano passado e conquistando um papel na diplomacia internacional. A nação muçulmana sunita abriga uma grande base militar dos EUA, mas também estabeleceu laços estreitos com o Irã, muçulmano xiita.
Doha sediou pelo menos oito rodadas de conversações com negociadores iranianos e norte-americanos em hotéis separados, falando por meio da diplomacia itinerante, disse uma fonte anteriormente à Reuters.
Sob o acordo, Doha concordou em monitorar como o Irã gasta os fundos descongelados para garantir que o dinheiro seja gasto em bens humanitários, como alimentos e remédios, e não em quaisquer itens sob as sanções dos EUA.
A transferência dos recursos do Irã atraiu críticas dos republicanos, que dizem que Biden, um democrata, está na verdade pagando um resgate para cidadãos norte-americanos. A Casa Branca defendeu o acordo.
(Reportagem de Andrew Mills em Doha, Elwely Elwelly em Dubai e Hyonshee Shin em Seul)