Por Louis Charbonneau e John Irish
LAUSANNE, Suíça (Reuters) - Estados Unidos e Irã retomaram nesta quinta-feira as negociações para selar um acordo nuclear antes do prazo de 31 de março, e autoridades com conhecimento das conversas disseram ser possívele algum tipo de pacto preliminar entre Teerã e as seis potências envolvidas nas conversações.
No início das conversas, Washington e Teerã adotaram posições opostas sobre os ataques aéreos sauditas no Iêmen contra rebeldes aliados ao Irã que lutam para depor o presidente do país, mas não ficou claro se isso iria afetar as tratativas nucleares.
O propósito das negociações, que ocorrem há 18 meses, é um acordo mediante o qual o Irã frearia as atividades nucleares mais sofisticadas durante pelo menos uma década. Em troca, as sanções internacionais ao Irã seriam suspensas para pôr fim ao impasse de 12 anos e reduzir a ameaça de uma nova guerra no Oriente Médio.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o secretário de Energia, Ernest Moniz, conversaram com seus homólogos iranianos, o ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, e o chefe da Organização de Energia Atômica, Ali Akbar Salehi, na cidade suíça de Lausanne.
Segundo a mídia iraniana, Zarif repudiou a operação militar sunita contras os combatentes xiitas houthi no Iêmen e exigido que fosse interrompida.
Em contrapartida, Kerry falou com os ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita e outros membros do Conselho de Cooperação do Golfo, nesta quinta-feira, e comemorou sua decisão de agir contra os houthi, disse um funcionário norte-americano de alto escalão.
Mas nem Kerry nem Zarif responderam quando um repórter em Lausanne lhes pediu que comentassem os ataques aéreos.
Falando aos membros da imprensa que partiram com Kerry de Washington na quarta-feira, uma autoridade graduada do Departamento de Estado afirmou que as seis potências –-Estados Unidos, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e China-– não se apressarão na conclusão de um esboço de acordo com o Irã só por causa do prazo de 31 de março.
PROGRESSO
Mas o funcionário declarou que as partes fizeram progresso na rodada inconclusiva de negociações da semana passada em Lausanne.
"Acreditamos muito que podemos encerrar isso até o dia 31", disse a autoridade. "Vemos um caminho para isso". Ele acrescentou, entretanto, que não há garantia de sucesso.
Israel, Arábia Saudita, França e o Congresso dos EUA demonstraram preocupação com o fato de o governo do presidente norte-americano, Barack Obama, estar disposto a selar um pacto que permitiria ao Irã desenvolver a tecnologia de criação de armas nucleares no futuro.
O funcionário disse: "Qualquer entendimento político precisa abordar de alguma forma todos os elementos de um acordo final".
Entre estes elementos estão as várias maneiras de se obter armas nucleares, a garantia de que Teerã levaria pelo menos um ano para produzir urânio enriquecido suficiente para uma única bomba, pesquisa e desenvolvimento de centrífugas avançadas e medidas de transparência e monitoramento, além do alívio das sanções impostas ao Irã.
(Reportagem adicional de Parisa Hafezi)