Por Alexander Marrow e Alexander Vasovic
MOSCOU/KIEV (Reuters) - Os Estados Unidos e a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmaram que a Rússia ainda está acumulando tropas ao redor do território da Ucrânia nesta quarta-feira, apesar da insistência do governo de Moscou, que diz que está recuando, questionando a manifestação do presidente russo, Vladimir Putin, de que deseja negociar uma solução para a crise.
Na Ucrânia, onde as pessoas levantaram bandeiras e tocaram o hino nacional para demonstrar união contra os temores de invasão, o governo disse que um ataque cibernético que atingiu o Ministério da Defesa foi o pior do tipo já visto no país, e acusou a Rússia de envolvimento no ataque, algo que foi negado por Moscou.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que suas forças estão recuando após exercícios nos distritos militares do sul e do oeste do país, próximos à Ucrânia --parte de um imenso acúmulo de forças que foi acompanhado de exigências russas por garantias amplas de segurança dadas pelo Ocidente.
O ministério publicou um vídeo que mostraria tanques, veículos de infantaria de combate e unidades de artilharia deixando a península da Crimeia, tomada por Moscou da Ucrânia em 2014.
Mas o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que importantes unidades russas estão se deslocando para perto da fronteira, e não para longe.
"Há o que a Rússia diz. E aí há o que a Rússia faz. E não estamos vendo qualquer retirada de suas forças", disse Blinken em uma entrevista ao canal MSNBC. "Nós continuamos vendo unidades importantes se deslocando em direção à fronteira, e não se afastando."
Uma autoridade ocidental de alto escalão de Inteligência afirmou que o risco de agressão da Rússia contra a Ucrânia continuaria alto para o restante do mês de fevereiro, e que a Rússia ainda pode atacar a Ucrânia "com nenhum, ou praticamente nenhum, aviso".
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que as tropas em deslocamento e a movimentação de tanques não constituem provas de uma retirada.
"Nós não estamos vendo qualquer retirada das forças russas. E, é claro, isso contradiz a mensagem sobre iniciativas diplomáticas", disse Stoltenberg antes de uma reunião da aliança em Bruxelas. "O que vemos é que eles aumentaram o número de tropas, e mais tropas estão a caminho. Então, até agora, não há desescalada."
Stoltenberg afirmou posteriormente que a Otan pode provar que a Rússia não está recuando suas tropas com imagens de satélite.
O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, disse à Reuters em entrevista que o último relatório de Inteligência de seu país não mostrou sinais de retirada dos russos. Ele disse que a força combinada dos militares russos e das forças separatistas pró-Rússia próximas às fronteiras com a Ucrânia estavam por volta de 140 mil.
O Kremlin disse que a avaliação da Otan está errada. O embaixador russo na Irlanda afirmou que as forças no oeste da Rússia voltariam à suas posições normais dentro de três a quatro semanas.
(Reportagem de Alexander Marrow e Alexander Vasovic; Reportagem adicional de Doina Chiacu e Susan Heavey em Washington, Phil Stewart e Sabine Siebold em Bruxelas)