Por Philip Pullella
ROMA (Reuters) - As conversas desta terça-feira entre os Estados Unidos e a Rússia sobre a Venezuela foram concluídas com os dois lados ainda divididos a respeito da legitimidade do presidente Nicolás Maduro.
A Rússia disse que Maduro continua sendo o único líder legítimo do país, enquanto os Estados Unidos e muitos outros países ocidentais apoiam Juan Guaidó, chefe da Assembléia Nacional controlada pela oposição, que invocou uma disposição constitucional em janeiro para assumir uma presidência interina.
"Não, não chegamos a ter um encontro de mentes, mas acho que as conversas foram positivas no sentido de que os dois lados emergiram com um entendimento melhor das opiniões do outro", disse o representante especial dos EUA, Elliott Abrams, aos repórteres.
A Rússia também disse que os dois lados agora entendem melhor seus respectivos pontos de vista após as conversações de duas horas em Roma, mas o chefe da delegação de Moscou, o vice-ministro das Relações Exteriores Sergei Ryabkov, foi mais direto.
"Talvez não tenhamos conseguido reduzir as diferenças em relação a essa situação", disse Ryabkov, segundo a agência de notícias estatal russa TASS. "Presumimos que Washington trata nossas prioridades com seriedade, nossa abordagem e nossos alertas."
Segundo a agência russa de notícias RIA, Ryabkov disse que as negociações foram difíceis, mas francas, e que Moscou havia alertado Washington para que não interviesse militarmente na Venezuela.
Abrams disse que "quem recebe o título de presidente" na Venezuela ainda é um ponto de discórdia.
Ele considerou as conversações desta terça-feira úteis, substanciais e sérias e disse que ambos os lados concordaram "com a profundidade da crise". Ryabkov disse que a Rússia está cada vez mais preocupada com as sanções dos EUA ao país latino-americano.
Horas antes, os Estados Unidos impuseram sanções contra a Minerven, empresa de mineração de ouro da Venezuela, e seu presidente, Adrián Perdomo.
O governo de Maduro, que tem apoio da Rússia e da China, recebeu ampla condenação internacional depois de ser reeleito no ano passado em uma votação amplamente considerada fraudulenta.
Abrams citou estimativas recentes de que, nos próximos meses, as exportações vitais de petróleo da Venezuela cairiam abaixo de um milhão de barris por dia e que as exportações de petróleo venezuelano estavam diminuindo em cerca de 50 mil barris por mês.
"Isso é uma catástrofe para a Venezuela", disse Abrams.
(Reportagem adicional de Andrey Kuzmin e Tom Balmforth em Moscou)